Petrobras eleva investimentos a US$ 84 bi em último plano de negócios antes de Bolsonaro

No plano para 2019-2022, a Petrobras também cria metas de rentabilidade pela primeira vez

REUTERS
Nicola Pamplona
Rio de Janeiro
Com a melhora de sua situação financeira, a Petrobras anunciou nesta quarta (5) elevação na projeção de investimentos para os próximos anos, em plano que traz também novos focos em remuneração aos acionistas e rentabilidade. 
 
Aprovado pelo conselho de administração da estatal nesta terça (4), o novo plano de negócios da companhia prevê aportes de US$ 84,1 bilhões (cerca de R$ 324 bilhões, ao câmbio atual) entre 2019 e 2022, 12,9% a mais do que no plano anterior e o maior desde o plano 2015-2019, aprovado ainda em 2014, antes do recrudescimento da crise da empresa.
 
O plano divulgado nesta quarta é o último da atual gestão, que assumiu a Petrobras em 2015 com a meta de reduzir o elevado endividamento da companhia. O presidente atual, Ivan Monteiro, será substituído pelo economista Roberto Castello Branco, que deve fazer mudanças na diretoria.
 
Em entrevista após sua nomeação, Castello Branco disse que quer ampliar o foco no pré-sal, acelerando os investimentos para desenvolver as maiores reservas de petróleo do país.
 
O plano apresentado nesta quarta reserva 81,8% do orçamento, ou US$ 68,8 bilhões (R$ 265 bilhões), para a área de exploração e produção de petróleo, que é responsável pelo pré-sal. Serão 13 novos sistemas de produção no período e alta de 59% no investimento para busca de novas reservas.
 
A companhia prevê uma média de crescimento anual de 5% em sua produção de petróleo no período. 
 
No novo plano de negócios, a Petrobras incluiu pela primeira vez previsão de investimentos em energias renováveis, de US$ 0,4 bilhão (R$ 1,5 bilhão), com foco em solar e eólica no Brasil. Com atraso em relação às concorrentes, a Petrobras começou a fechar as primeiras parcerias no setor em 2018.
 
Segundo a companhia, a ideia é participar de leilões de energia solar, entrar no mercado de energia solar distribuída, investir em projetos de eólicas no mar e produzir combustíveis a partir de biomassa em fábricas integradas às suas refinarias.  
 
Há um reforço também no foco ao gás natural, que terá investimentos de US$ 3,7 bilhões (R$ 12,2 bilhões), com a meta de desenvolver uma posição global no mercado do combustível. Entre os projetos nesse segmento, foi incluída a construção de uma unidade de tratamento de gás em Sergipe.
 
 

VENDA DE ATIVOS 

 
O plano de negócios mantém a proposta de venda de ativos de planos anteriores, desta vez com o nome "gestão ativa de portfólio" e expectativa de levantar US$ 26,9 bilhões (R$ 103 bilhões) até 2023. 
 
Em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Petrobras reforça o desejo de vender parte de sua estrutura de refino, suas fábricas de fertilizantes, de biodiesel e etanol, além da distribuição de gás de botijão.
 
A venda de refinarias e fertilizantes está parada por razões judiciais e a transferência da distribuição de gás não andou por entraves concorrenciais. 
 
A receita com a venda de ativos ajudará a companhia a levantar os US$ 143,1 bilhões (R$ 551 bilhões) necessários que precisará no período para bancar investimentos, amortizações e despesas financeiras.
 
 

RENTABILIDADE

 
No plano divulgado nesta quarta, a Petrobras cria pela primeira vez meta de rentabilidade, medida pelo indicador conhecido como Roce (retorno sobre o capital empregado), que terá de ficar abaixo de 11% até 2020. Atualmente, a empresa não divulga o indicador em seus balanços.
 
A companhia aperta ainda as metas de redução do endividamento. Em 2020, segundo o plano. a relação entre dívida líquida e Ebitda (indicados que mede a geração de caixa) deverá estar abaixo de 1,5 vez. No terceiro trimestre, eram 2,96 vezes.
 
"O plano estratégico traz uma visão de empresa integrada de energia, alinhada com as necessidades e a evolução dos hábitos da sociedade, que buscará cada vez mais diversificação nas fontes e usos de energia", diz o texto divulgado ao mercado.
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