Privatização não resolve desajuste fiscal, diz Guardia

Ministro da Fazenda defendeu a reforma fiscal e da Previdência

Mariana Carneiro
Brasília

O problema econômico mais urgente a ser enfrentado pelo próximo governo é o desajuste fiscal, afirmou nesta quarta-feira (12) o ministro Eduardo Guardia (Fazenda).

As contas do governo estão no vermelho desde 2014 e a previsão é que fechem o ano com um déficit de R$ 138 bilhões, apesar das medidas de ajuste adotadas pela atual equipe econômica. 

Segundo Guardia, privatizar estatais não resolve.

"É importante priorizar os temas de acordo com a urgência que eles têm para o país. O urgente neste momento, e absolutamente necessário, é aprovar a reforma da Previdência", disse.

"Se eu puder sugerir ao próximo governo, sugiro que a gente comece a conversa por aqui", afirmou. "A questão fiscal é a mais importante e não se resolve o problema fiscal com privatização, mas enfrentando a questão do gasto. E nesta questão, o que é urgente é a reforma da Previdência".

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Eduardo Guardia, ministro da fazenda - Zanone Fraissat - 4.dez.18/Folhapress

O futuro ministro, Paulo Guedes, tem entre seus planos desestatizar algumas empresas hoje controladas pelo governo. 

Ele admite que nem todas poderão ser colocadas à venda, mas há cerca de duas semanas Guedes reafirmou que a venda de todas as estatais poderia render R$ 802 bilhões ao governo.

Em entrevista nesta quarta-feira a jornalistas em Brasília, Guardia afirmou que a atual equipe tentou mas não conseguiu levar adiante planos de privatização da Eletrobras, a privatização mais madura a ser tocada pelo futuro governo. 

Segundo Guardia, não havia clima no Congresso para aprovar o projeto de lei que destrava a privatização da estatal e há resistência, ainda hoje, à privatização da estatal. 

"Não é um tema fácil e tem que ser debatido. Você não consegue avançar em tudo ao mesmo tempo... o projeto está lá, a receita consta do Orçamento de 2019 e acho que próximo governo retomará este tema", disse.

Sobre a reforma da Previdência, Guardia disse que a percepção atual entre congressistas e na sociedade é a de que são necessárias mudanças nas regras de acesso à aposentadoria. E que, sem ela, o ajuste gradual nas contas do governo —previsto para ocorrer em dez anos—  fracassará.

"Sem a reforma não é sustentável manter o teto de gastos. E a estratégia de ajuste gradual que nós defendemos será difícil de ser implementada", afirmou.

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