Trégua entre EUA e China anima mercados, e Ibovespa bate recorde

Dólar fecha em baixa ante o real, a R$ 3,843, replicando desempenho ante emergentes

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São Paulo

A trégua na guerra comercial, selada entre Estados Unidos e China no final de semana, devolveu o bom humor a investidores nos principais mercados de risco nesta segunda-feira (3).

As Bolsas avançaram, as cotações de matérias-primas voltaram a subir, o dólar perdeu força ante moedas emergentes e os juros americanos recuaram. Um conjunto de indicadores de retomada de otimismo nos mercados de risco.

"O cessar-fogo entre EUA e China, somado ao tom mais brando do Fed em relação à necessidade de alta de juros, foi o gatilho que faltava para diminuir a aversão a risco nos mercados globais", escreveram analistas da XP.

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, ganhou 0,34% e fechou a 89.820 pontos, na nova máxima histórica. O giro financeiro da sessão somou R$ 17,7 bilhões, acima da média diária de R$ 12,1 bilhões em 2018.

No mercado doméstico, a Bolsa foi sustentada pela valorização das ações da Petrobras e da Vale, reflexo da recuperação dos preços do petróleo e do minério de ferro no exterior.

O barril do petróleo tipo Brent, referência internacional voltou a fechar acima dos US$ 60, enquanto o minério de ferro negociado na China subiu quase 2%.

Já as Bolsas americanas subiram mais de 1%, assim como os principais índices europeus.

Sinais de que foi bem recebido o acordo firmado entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping, de não escalar pelos próximos 90 dias a guerra comercial travada entre os dois países --a disputa foi iniciada por Trump em março deste ano.

O acordo passa a valer a partir de 1º de janeiro, mas interrompe desde já as ameaças do americano de elevar para 25% as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses.

Trump arrancou ainda de Xi o compromisso de que a China reforçará as compras de produtos agrícolas americanos, como soja e milho. E publicou nesta segunda, em uma rede social, que os chineses concordaram em zerar tarifas sobre carros americanos importados pela China, o que é motivo de incerteza entre analistas de comércio internacional.

Pequim não se pronunciou sobre a mensagem de Trump, que, se confirmada, impulsionaria montadoras como Tesla e BMW, que fabricam nos EUA e exportam para a China.

No geral, no entanto, a reação de investidores foi a leitura de que a trégua pode ser benéfica para a economia mundial, que dá sinais de desaceleração nos próximos anos.

Imposição de tarifas comerciais tende a esfriar ainda mais o crescimento econômico, o que explica em parte a queda recente nos preços de matérias-primas --o petróleo acumula desvalorização de quase 30% desde o começo de outubro.

No meio da tarde, porém, os mercados perderam parte da força.

O momento coincidiu com o anúncio da Casa Branca de que Robert Lighthizer, representante do governo americano para assuntos de comércio internacional, será o responsável pelas negociações comerciais com a China.

Até então, Pequim tentava negociar com o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, mais próximo aos mercados financeiros e que vinha tentando buscar um acordo entre os dois países.

Lighthizer, por outro lado, pregava a imposição de novas tarifas para pressionar o governo chinês a ceder nas negociações.

A Bolsa brasileira, que operou pelo segundo pregão consecutivo acima de 90 mil pontos, desacelerou para o fechamento de percentuais mais modestos; o mesmo ocorreu em Nova York.

O dólar encerrou o dia em queda de 0,31%, a R$ 3,843. Ante uma cesta de 24 divisas emergentes, a americana perdeu para 23.

"É possível que o momento mais crítico do dólar/real tenha ficado para trás", escreveu Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em referência a máxima recente de R$ 3,91 da moeda americana. 

Com agências de notícias

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