Futuro da GM no Brasil depende de montadora voltar a lucrar, diz presidente

Memorando enviado a funcionários fala que momento exige sacrifícios

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São Paulo | Reuters

A General Motors alertou seus funcionários no Brasil de que novos investimentos locais dependem de um doloroso plano para voltar a lucrar no país.

Em uma mensagem divulgada nas fábricas brasileiras, o principal executivo da GM para o Brasil e a Argentina, Carlos Zarlenga, disse que após incorrer em fortes perdas nos últimos três anos, a operação atingiu “um momento crítico que exige sacrifícios de todos”.

O memorando referiu-se a comentários feitos pela presidente-executiva, Mary Barra, durante uma apresentação a investidores na semana passada sobre desafios na América do Sul. "Não vamos continuar empregando capital para perder dinheiro", disse ela, em trecho citado por Zarlenga, presidente da GM Mercosul.

Representantes da GM no Brasil não comentaram imediatamente o memorando, que foi noticiado primeiramente pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O tom sombrio foi um choque para alguns dos funcionários no Brasil, onde a GM é líder de vendas, à frente de Volkswagen e Fiat Chrysler. Em 2018, a montadora foi responsável por 389,5 mil de um total de 2,6 milhões de carros vendidos pela indústria automotiva.

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Renato Almeida, chamou o comunicado da GM de "absurdo".

A empresa está passando por um bom momento no Brasil, disse ele. "Não existe justificativo para eles sugerirem que vão fechar as operações".

Em comunicado, o sindicato disse ainda que "a GM instaura um clima de apreensão entre os trabalhadores, afirmando que 2018 foi um ano de prejuízos para as plantas da América do Sul e que 2019 será decisivo para o futuro da fábrica. Ressalte-se que a GM detém 20% do mercado brasileiro e não está em crise financeira", diz o texto.

Sindicato e montadora terão uma reunião na próxima terça-feira (22).

Em abril de 2018, Zarlenga elogiou uma nova família de carros de baixo custo que está chegando às concessionárias brasileiras este ano. Ele disse que as reduções de custo durante a recessão, incluindo um corte de 35% nos postos de trabalho brasileiros, levou a um pequeno lucro na América do Sul em 2017.


Leia a íntegra do comunicado aos funcionários

Mensagem do presidente da GM Mercosul – Carlos Zarlenga

Nos últimos meses, vocês têm acompanhado o esforço da corporação em reestruturar-se globalmente. Também no Brasil, vivemos um momento muito crítico.  

Esta situação tem gerado muitos rumores entre o nosso pessoal, e nos últimos dias a liderança tem recebido muitas perguntas sobre o nosso futuro.

Semana passada, durante o anúncio de resultados de 2018 aos acionistas, nossa presidente global Mary Barra falou com a imprensa. Veja o que foi reportado:

The Detroit News – publicado em 11/01/19

Barra hinted repeatedly that GM is considering exiting South America. Brazil and Argentina,

GM's largest South American markets, continue to prove challenging, she said. The company is working with "key stakeholders" in the region to take all necessary actions to either improve the business "or consider other options." Said Barra: "We are not going to keep deploying capital to lose money.”

TRADUÇÃO:

"'Barra deu sinais de que a GM está considerando sair da América do Sul. O Brasil e a Argentina, os maiores mercados sul-americanos da GM, continuam sendo desafiadores', disse ela. A empresa está trabalhando com as 'partes interessadas' na região para tomar todas as ações necessárias para melhorar o negócio 'ou considerar outras opções'.

Disse Barra: 'Não vamos continuar investindo para perder dinheiro'."

A GM no Brasil teve um prejuízo agregado significativo no período de 2016 a 2018, que NÃO PODE SE REPETIR. 2019 será um ano decisivo para nossa história. O Comitê Executivo do Mercosul está fortemente comprometido para reverter esta situação de forma imediata e definitiva. Vivemos um momento crítico que vai exigir importantes sacrifícios de TODOS.

O Comitê Executivo do Mercosul desenvolveu um plano de viabilidade que foi apresentado para nossa liderança global em Detroit. Esse plano requer apoio do governo, concessionários, empregados, sindicatos e fornecedores. Do sucesso deste plano dependem os investimentos da GM e o nosso futuro.

Mas o tempo é curto. Obter rapidamente acordos necessários com todas as partes é fundamental. Já nos reunimos com os nossos concessionários --que já deram importantescontribuições . Também fizemos grande progresso com o governo, que claramente quer apoiar a nossa viabilidade; e na semana que vem estarei me reunindo com as lideranças sindicais e prefeitos da região.

Sei que posso contar com cada um de vocês, e vocês podem contar conosco!

Manteremos vocês informados.

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