Justiça nega liberdade sob fiança de Carlos Ghosn

Defesa do executivo questionou sobre a possibilidade de tornozeleira eletrônica

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AFP

O tribunal de Tóquio anunciou nesta terça-feira (22) que negou o pedido de fiança de Carlos Ghosn, apresentado na semana passada por seu advogado. 

Ghosn, que está detido há dois meses em Tóquio, prometeu que permaneceria no Japão se o deixassem sair da prisão. Mas seus argumentos não convenceram a justiça japonesa.

O ainda presidente da Renault é alvo de três acusações, uma por quebra de confiança e outras duas por apropriações financeiras. Ele deve permanecer em detenção provisória até 10 de março.

Outro pedido de fiança já foi rejeitado em primeira instância e em apelação. 

O advogado Motonari Otsuru  apresentou, em vão, um novo recurso modificando os argumentos da primeira ação. A defesa ainda pode recorrer da decisão desta terça.

Desde sua prisão em 19 de novembro, Ghosn só fez uma aparição pública, em 8 de janeiro, no tribunal de Tóquio, para declarar que foi "falsamente acusado" e que "sempre agiu com integridade".

Segundo seu advogado, o julgamento só acontecerá dentro de alguns meses.

RISCO DE FUGA

O tribunal justificou a prisão de Ghosn quando avaliou o risco de ocultação ou destruição de provas e de fuga. 

Os promotores argumentaram que, como Ghosn está frequentemente no exterior, ele pode tentar  escapar da justiça japonesa. 

Ghosn sugeriu que poderia usar uma tornozeleira eletrônica para ser localizado, mas esse dispositivo não existe no Japão.

Limitações de deslocamento podem ser estabelecidas no caso de uma eventual liberação, como aconteceu com seu ex-braço direito Greg Kelly , preso ao mesmo tempo que ele e liberado em 25 de dezembro.

As acusações contra o americano são menos pesadas, mas ele foi proibido de deixar o território japonês ou entrar em contato com as principais partes envolvidas.

A esposa e os filhos de Ghosn disseram que ele estaria detido em más condições, o advogado, porém, disse que seu cliente nunca apresentou nenhum tipo de queixa a respeito.

Além disso, o tribunal autorizou as visitas de sua família, bem como de seus advogados e do pessoal consular da França, do Líbano e do Brasil, os três países em que o CEO tem nacionalidade.

Seu último título

Inúmeras revelações prejudicaram a imagem do magnata do setor automotivo e detenção prolongada forçou a Renault a tomar algumas medidas, embora privilegie a presunção de inocência. 

A diretoria da Renault deve se reunir na quinta-feira para nomear um comitê que substituirá Ghosn, segundo fontes ligadas ao caso.

Uma fonte familiarizada com o caso comentou com a AFP que Thierry Bolloré deve ser nomeado diretor administrativo, após atuar nessa posição, enquanto Jean-Dominique Senard, atual chefe do fabricante de pneus Michelin, se tornaria presidente do conselho da Renault.

O Estado francês já solicitou na semana passada que um sucessor seja nomeado nos próximos dias para assumir a liderança do grupo, do qual é acionista em 15%. 

Desta forma, Ghosn perderá seu último título, o de presidente da Renault. 

A Nissan e a Mitsubishi já o dispensaram do cargo de presidente de seus conselhos de administração no final de novembro.

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