Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Mercado minimiza, mas teme troca de comando na Vale

Para XP, eventual mudança na diretoria, promovida pelo governo, seria prejudicial à companhia

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São Paulo

O mercado financeiro segue atento ao desenrolar da tragédia causada pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que pode impor pesadas multas à Vale, aumento de despesas e até o risco de interferência do governo na gestão da companhia.

Na segunda (28), o presidente interino, Hamilton Mourão, falou que poderia haver troca de comando na companhia, mas ele recuou dizendo que a “golden share” que o governo detém não permitem destituir a diretoria da empresa.

Nesta terça (29), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou que pode haver intervenção se a investigação das causas do acidente mostrar falha da companhia.

Em comunicado, a XP Investimentos afirmou que, “uma eventual mudança na diretoria da Vale, promovida pelo governo, seria prejudicial à companhia”.

“Uma interferência estatal na companhia, por meio do uso da golden share detida pela União, demonstraria ao mercado que a mineradora estaria sujeita a influências governamentais, o que não agradaria os investidores”, escreveu a XP.

Para o analista da Guide, Rafael Passos, é pouco provável que exista uma troca de comando agora. 
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, é bem visto pelo mercado financeiro e seria difícil encontrar um substituto durante a crise.

“Nesse momento, acho difícil porque nenhum executivo com bom trânsito no mercado assumiria”, afirmou.

Ele não descarta, porém, a repetição de troca de comando, como aconteceu na Petrobras, em junho do ano passado. Quando o governo Michel Temer ensaiou mudar a política de preços da estatal, no período da paralisação dos caminhoneiros, Pedro Parente, então presidente da empresa, disse que isso não ocorreria.

Ele permaneceu no cargo por mais algumas semanas e pediu demissão. A política passou por alterações, mas segue atrelando o preço do combustível às cotações internacionais do petróleo.

Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, minimiza a possível intervenção do novo governo na empresa.

“Acho que é mais o calor da tragédia do que outra coisa. Não acho que seja uma decisão de governo”, afirma.

Após o tombo de quase 25% na véspera, as ações da Vale tiveram leve alta e ajudaram a Bolsa brasileira a recuperar o terreno positivo. O dólar caiu mais de 1%.

Nesta terça, os papéis passaram por um movimento que analistas do mercado chamam de correção, uma pequena mudança de sinal após uma forte ou baixa no valor das ações. As ações ganharam 0,84% e fecharam a R$ 42,74, depois de terem saltado mais de 4% no começo do pregão.

O Ibovespa subiu 0,20% e fechou a 95.639 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,9 bilhões.

Na Bolsa de Nova York, os recibos de ações da Vale subiram perto de 2,5%, após duas sessões de forte queda.

Nesta terça, a principal notícia foi a possibilidade de o governo intervir na Vale. Fundos de pensão ligados a estatais estão entre os maiores acionistas da mineradora.

No exterior, as Bolsas trabalharam majoritariamente no positivo apesar da expectativa de nova votação sobre o brexit no Reino Unido e também pelo desenrolar das disputas comerciais entre Estados Unidos e China.

Em Nova York, as Bolsas fecharam sem direção definida. Os índices S&P 500 e Nasdaq caíram, e o Dow Jones subiu.

O dólar caiu mais de 1% e analistas atribuíram o movimento a um fluxo de investidores estrangeiros de volta ao país. A moeda fechou o dia cotada a R$ 3,7220.

“Há oportunismo com relação aos papéis da Vale, uma caça às pechinchas. A gente vem acompanhando um ingresso forte de estrangeiros aproveitando esse momento de desvalorização”, afirmou Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora. 

Com Reuters

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