Petrobras pode retomar venda de Braskem e avalia futuro da BR, diz presidente

Roberto Castello Branco sinaliza possibilidade, suspensa para estudos na gestão anterior

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Rio de Janeiro

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, sinalizou a analistas que a empresa retomará a proposta de vender sua fatia na Braskem, que havia sido suspensa para estudos pela gestão anterior.

Em encontro na sexta (25), o presidente da estatal disse ainda que a companhia "não é a melhor" em distribuição e analisa a possibilidade de venda da BR Distribuidora.

As afirmações foram feitas em reunião com analistas do mercado financeiro. Em relatórios, dois dos bancos que enviaram representantes dizem que Castello Branco se comprometeu a acelerar o processo de venda de ativos para focar na exploração do pré-sal, que considera a principal atividade da companhia.

Roberto Castello Branco, novo presidente da Petrobras
Roberto Castello Branco, novo presidente da Petrobras - Sergio Moraes/Reuters

A negociação da fatia da estatal na Braskem foi anunciada ainda em 2017, na gestão de Pedro Parente.

Em julho de 2018, porém, o então presidente da companhia Ivan Monteiro disse à Folha que a proposta seria reavaliada, diante da possibilidade de parceria com a gigante global LyondellBasell, que negocia a fatia da Odebrecht na companhia.

Na avaliação da gestão atual, a Braskem não é estratégica para a companhia. A decisão pela venda, no entanto, dependerá da proposta da LyondellBasell pela fatia. A Petrobras tem 36,1% das ações da empresa, na qual divide o controle com a Odebrecht.

"Pré-sal, sim, petroquímica, não", disse o presidente da Petrobras, segundo os analistas do UBS Luiz Carvalho e Gabriel Barra. A companhia já se desfez de outros ativos no segmento, como a Petroquímica Suape, como parte de seu plano de desinvestimentos. 

Para o analista do Banco do Brasil Investimentos, Daniel Cobucci, não é o melhor momento para a venda das ações na Braskem.

"Em nossa opinião, a Braskem está sendo negociada com grande desconto em comparação a seus pares e a Petrobras pode deixar dinheiro na mesa se vender o ativo neste momento", escreveu. 

Com relação à BR, Castello Branco disse que a atividade de distribuição de combustíveis não é foco da companhia. Segundo os analistas do UBS, ele comentou que a BR tem rentabilidade menor do que os seus concorrentes, o que indica que a Petrobras não é o melhor agente no setor.

No fim de 2017, a estatal vendeu 18,75% do capital da distribuidora por R$ 5 bilhões. De acordo com os analistas, Castello Branco disse que, com relação ao futuro da subsidiária, "todas as opções estão na mesa". 

A possibilidade de venda da BR foi levantada pela primeira vez pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Em suas primeiras entrevistas após a nomeação, Castello Branco disse que o tema seria estudado e reforçou que o foco será a exploração e produção do pré-sal.

Desde que iniciou o programa de venda de ativos, em 2015, a Petrobras já se desfez de campos de petróleo, gasodutos, petroquímicas e ativos em outros países, levantando um total de US$ 19,8 bilhões (cerca de R$ 75 bilhões, na cotação atual). 

No momento, negocia gasodutos, refinarias e campos de petróleo. Mais adiantada, a venda da malha de gasodutos do Norte e Nordeste à francesa Engie pode render outros US$ 7 bilhões (R$ 26 bilhões), segundo estimativa do UBS.

Em seu plano de negócios para o período entre 2019 e 2021, a companhia estima arrecadar US$ 26,9 bilhões (R$ 101 bilhões) com venda de ativos.

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