Responsabilização por Brumadinho tem que chegar ao CPF de alguém, diz Onyx

Para o ministro da Casa Civil, desastre é consequência 'dos desmandos da era petista na Vale'

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São Paulo

Responsável pelo gabinete de crise montado pelo governo federal para monitorar o desastre de Brumadinho (MG), o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, vê a necessidade de que se chegue ao CPF do responsável pelo caso que deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos. 

Crítico ao PT, o ministro diz que a Vale hoje ainda é impactada por "desmandos" à época dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Em entrevista à Folha por telefone nesta quarta-feira (30), o ministro disse que o governo Jair Bolsonaro quer entregar em duas semanas ao Congresso Nacional um projeto de revisão da licitação de barragens.

 

Há novos anúncios para Brumadinho? O governo anunciou ontem R$ 800 milhões, haverá novas ações?
Tomamos uma série de medidas de segunda para cá, de ampliar a fiscalização da barragem. Hoje eu consolido um grupo de trabalho para revisão da lei de segurança de barragem. A gente está trabalhando agora na localização das vítimas, que é a parte mais dolorosa e hoje o ministro [da Saúde, Henrique] Mandetta está deslocando para lá equipes médicas na área da saúde mental e psiquiátrica, psicólogos, para poder dar suporte para as famílias porque esse estresse pós-traumático é muito grave e a gente poderá ter situações bem complexas por causa da não localização.
 
É muito triste, uma das coisas mais dolorosas é perder alguém e não poder fazer o luto, isso é uma das feridas psicológicas, mais dolorosas da ocasião. 
 
O senhor falou no trabalho de rever a legislação da barragem. O que vai ser concluído?
Quando tivemos aquela resolução para determinar que imediatamente fossem feitas as revisões começando pelas de mais alto risco para vida humana. Uma coisa são aquelas que têm mais alto risco, como Brumadinho, que tem pessoas abaixo da barragem ou no povoado, é muito comum organizar cidades em torno de uma área de barragem. Essas são prioritárias por questão da vida humana, logo depois entram as de alto risco, são aquelas que vamos assim, têm problemas estruturais graves, e justo com essa medida que se impunha, a gente está fazendo um grupo de trabalho interministerial que ser anunciado hoje que vai cuidar da revisão da lei de segurança de barragem no Brasil. Nós pretendemos fazer uma coisa rápida, em duas semanas estar tudo pronto e enviar para o Congresso.
 
 
Esse projeto deve ser enviado agora no começo da volta do Congresso?
Em seguida, a gente vai trabalhar nisso.
 
Sobre a Vale, como o governo está avaliando essa troca de diretoria? Ontem o senhor deu uma declaração de que isso não era estudado. Já o Mourão disse que isso poderia ser feito.
É muito objetivo, o governo acompanha as investigações, nós tivemos uma ação do Ministério Público e da Polícia Civil de Minas Gerais e São Paulo, tivemos uma ação da Polícia Federal. Nós vamos aguardar as investigações e a evolução das investigações. É evidente que essas investigações e a responsabilização tem que chegar no CPF de alguém, alguém deu ordens para fazer isso ou aquilo. E é nesta linha, por exemplo, que está se movendo aquela vara lá de Minas Gerais, parece que é uma juíza que mandou preventivamente prender ontem [engenheiros e responsáveis pela barragem]. O governo acompanha isso e vamos aguardar os desdobramentos. Até porque nós estamos vivendo as consequências dos desmandos da era petista na Vale e nas estatais brasileiras. Não se pode esquecer disso. 
 
Mas a Vale foi privatizada.
Ah é? E aquele esforço, já esqueceste? E aquele esforço do governo Lula e Dilma para mudar o comando da Vale e botar os parceiros do PT? Eu não esqueci. 
 
O senhor acha que essa interferência a que o senhor se refere levou ao que se vê hoje?
Bom, o que a gente viu na era petista? A destruição de todas as empresas onde direta ou indiretamente o PT ou seus aliados colocavam as mãos. É isso que aconteceu e a Vale não fugiu disso. 
 
O senhor acha que o conselho atual da Vale ainda está ‘contaminado’ nessa linha do que o senhor falou?
Neste particular, nós precisamos aprofundar e aguardar as investigações. O que a gente tem, o que nós estamos colhendo no Brasil, na tragédia do setor público, a tragédia de empresas estatais, paraestatais ou com participação acionária do governo federal sob orientação do comando petista, a gente viu que ao longo  daquele período, as consequências se estendem até os dias de hoje.
 
 
A Justiça negou ao ex-presidente Lula o pedido para ele deixar a prisão para ir ao velório do irmão. Como o senhor vê isso? 
Quem decide questões de presidiário é juiz, não é governo.
 
Mas o que o senhor acha?
Volto a dizer: quem decide questões que envolvem quem está preso, é a Justiça. Esta é uma questão judicial, não é uma questão política.
 
O governo vinha dizendo que não apoiaria nenhum dos candidatos para o comando das duas casas do Legislativo. Isso mudou?
O governo mantém uma posição desde dezembro do ano passado, de não intervenção nas eleições, o resto é especulação. São movimentos lá dos próprios candidatos, mas o governo mantém essa posição de neutralidade. 
 
Como o governo vê essa aproximação do Renan? Vimos várias notícias nos últimos dias de que ele mandou emissários ao Planalto.
A posição do governo é clara, nós mantemos a neutralidade.
 
Mas independente disso. Houve uma tentativa do candidato de se aproximar do governo?
Que eu tenha conhecimento, não.
 
Já conversou com o presidente?
Conversei com ele através da esposa, nós trocamos algumas mensagens. Não, ontem foi o primeiro dia, ele está de repouso total. A gente usou de interlocutores. 
 
Vem a São Paulo amanhã?
Nós estamos definindo no dia de hoje, vai depender da resposta dos médicos.
 
O senhor que vai levar a mensagem presidencial ao Congresso. A mensagem está fechada? Será apresentada a Previdência?
Nós estamos concluindo, talvez amanhã eu possa te dizer alguma coisa. 
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