Bolsa sobe com Vale e bancos, mas tem primeira queda semanal do ano

Dólar avançou para R$ 3,733 em meio a receios sobre negociação comercial entre EUA e China

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São Paulo

O exterior bem que pressionou para baixo, mas a Bolsa brasileira esboçou reação nesta sexta-feira (8) e conseguiu subir após três dias de queda. Não foi o suficiente, porém, para que fechasse a semana no azul.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, avançou 0,99% neste pregão, para 95.340,64 pontos. Na semana, acumula queda de 2,58%. A última vez que o índice ficou negativo na comparação semanal foi em 21 de dezembro do ano passado (-2%).

Com o desempenho ruim da primeira semana de fevereiro, o Ibovespa agora sobe 8,5% no ano —em janeiro, a alta era de 11%.

O dólar acompanhou mais o cenário internacional e avançou 0,56%, para R$ 3,733. Ainda pairam no exterior receios sobre a desaceleração econômica na Europa e os rumos das negociações comerciais entre Estados Unidos e China.​

No Brasil, investidores têm se incomodado há alguns dias com o desencontro de informações entre equipes política e econômica do governo a respeito da reforma da Previdência e ajustaram suas posições apostando que a tramitação do texto pode demorar mais do que o esperado inicialmente.

A notícia, veiculada na noite desta quinta-feira (7), de que foi detectada pneumonia no presidente Jair Bolsonaro, internado em São Paulo para se recuperar de cirurgia, também não ajudou o mercado pela amanhã. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já deixou claro que é Bolsonaro quem vai bater o martelo sobre a Previdência.

Mais para o fim do pregão, porém, novo boletim apontou melhora na saúde do presidente

"A Bolsa está seguindo notícias políticas e se animou com as informações médicas depois, já que o mercado conta com a recuperação de Bolsonaro para que ele entre na negociação da Previdência. Talvez seja melhor ele ficar mais tempo longe, mas poder participar de maneira intensa no processo", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Algumas ações que sofreram nos últimos pregões, como as do setor bancário, encontraram algum espaço para valorização com a realocação de investidores. 

"Esse começo de fevereiro teve um movimento forte de queda, seja pela realização dos ganhos de janeiro ou pela queda similar nos mercados internacionais. Hoje foi um dia de retorno ao risco, de o pessoal calcular o preço dos papéis de algumas empresas e chegar à conclusão de que está razoável", diz Vicente Matheus Zuffo, gestor de fundos da SRM.

"Lógico que os riscos externos continuam, mas muitos concluíram que essa queda na semana já faz retornar posições. E a tendência positiva segue, principalmente se a agenda de reformas for colocada em pauta e com um calendário relativamente rápido", acrescenta.

Destaque também nesta sexta-feira para a Vale, que fechou em alta de 3,77%, a R$ 43,16, mesmo sem notícias positivas para a empresa. Na semana, porém, a ação acumula queda de 6,68%.

"É uma ação que bateu R$ 60 e está em R$ 40. Tem gente que faz a conta de tudo o que pode vir de indenização, acordo judicial, paradas nas minas e define que a ação está a um preço atrativo e justificável. Estão tentando manter o sangue frio, deixar o pânico de lado e fazer conta", diz Zuffo.

Logo da Vale, cujas ações subiram nesta sexta - Denis Balibouse/Reuters

No exterior, as principais Bolsas americanas e europeias caíram. 

Na véspera, declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que não pretende se reunir com o líder chinês Xi Jinping antes do prazo de 1º de março determinado pelos dois países para chegar a um acordo comercial alimentou incertezas.

A Casa Branca confirmou que conversas de alto nível entre representantes serão retomadas em Pequim nos dias 14 e 15 de fevereiro.

"Vamos ver se eles conseguem avançar alguma coisa nas negociações. Até lá, o investidor busca cautela, para e espera, por isso fica mais pressionado", diz Alessandro Faganello, operador da Advanced Corretora.

Também segue no radar do mercado preocupações a desaceleração global alcançando a Europa. A Comissão Europeia reduziu estimativas de crescimento econômico da zona do euro neste e no próximo ano, o que endossou o sentimento.

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