Kroton e Estácio caem mais de 5% na Bolsa após Bolsonaro anunciar 'Lava Jato da Educação'

Ministério da Justiça vai auxiliar em investigações sobre indícios de corrupção no MEC

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São Paulo

As ações de gigantes da educação despencaram nesta sexta-feira (15) após o MEC (Ministério da Educação) anunciar a intenção de investigar indícios de corrupção na pasta.

Os papéis da Kroton (-6,2%) e da Estácio (-5,2%) lideraram as quedas do Ibovespa (principal índice brasileiro), que também fechou em baixa de 0,5%, a 97.525,91 pontos.

A Ser Educacional e a Ânima Educação, que não compõem o índice, caíram 7,2% e 1,25%, respectivamente.

Na quinta-feira (14), o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que uma investigação feita pela nova gestão do MEC pode dar início à “Lava Jato da Educação”, conforme informou o ministério em nota.

 O ministro da educação, Ricardo Vélez Rodriguez, em cerimônia de posse em Brasília
O ministro da educação, Ricardo Vélez Rodriguez, em cerimônia de posse em Brasília - Eduardo Anizelli/Folhapress

Rodríguez assinou um protocolo de intenções com o objetivo de apurar indícios de corrupção, desvios e outros tipos de atos lesivos à administração pública no âmbito do MEC e de suas autarquias nas gestões anteriores.

Além de Rodríguez, ratificam o documento os ministros Sergio Moro (Justiça) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) e o advogado-geral da União, André Mendonça. Participou do encontro ainda o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

Entre os casos apurados estão supostos favorecimentos considerados indevidos no ProUni (Programa Universidade para Todos), desvios no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), concessão ilegal de bolsas de ensino a distância e irregularidades em universidades federais.

Investidores temem que empresas do setor possam ser implicadas, o que afetaria negativamente sua imagem e afastaria alunos.

“Se houve corrupção e alguma instituição se envolveu, isso pode ter impacto negativo na sociedade e no número de matriculados e ingressantes. Aí, o mercado financeiro se preocupa”, diz William Klein, presidente da Hoper, consultoria especializada em educação.

O ministério informou que a investigação é uma das principais metas da pasta dentro do plano de ações dos cem primeiros dias.

O MEC encaminhará documentos para que o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, AGU e CGU possam aprofundar investigações, instaurar inquéritos e propor eventuais medidas judiciais.

Para Carlos Monteiro, presidente da CM Consultoria, a iniciativa vem em boa hora.

“Existem muitas áreas em que é sabido que acontecem tráfico de influências, conflitos de interesses, só que ninguém comenta porque ainda não conseguiram assegurar diretamente”, afirma.

Ele destaca, porém, que ações do setor educacional já vinham sofrendo nos últimos tempos.

“É uma mistura: as dificuldades de captação pelo novo Fies [programa de financiamento estudantil] são maiores e os contratos ofertados pelo governo caíram muito; ao mesmo tempo, os alunos do ensino superior sumiram, e as grandes redes começaram a fazer o alongamento das parcelas para alguns matriculados”, afirma.

Em rede social, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) elogiou a iniciativa: “Muito além de investir, devemos garantir que investimentos sejam bem aplicados e gerem resultados”.

Segundo ele, o ministro da Educação “apurou vários indícios de corrupção no âmbito do MEC em gestões passadas. Daremos início à Lava Jato da Educação!”.

Outra notícia do governo repercutiu no mercado.

O dólar comercial fechou em queda de 0,96%, a R$ 3,704, após a confirmação de que Bolsonaro encaminharia a proposta de reforma da Previdência com idade mínima de 62 (mulheres) e 65 (homens) e 12 anos de transição.

A moeda à vista recuou 0,70%, para R$ 3,709.

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