Renault apura se Ghosn usou contrato com Versalhes para pagar casamento

Acordo de 2016, previu patrocínio de 2,3 milhões de euros para restauração; empresário nega

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Paris

A Renault informou nesta quinta (7) ter encontrado indícios de que seu ex-diretor-geral, o brasileiro Carlos Ghosn, usou um acordo da montadora com os gestores do castelo de Versalhes para financiar em parte seu casamento, celebrado no local.

Segundo a empresa, um pacto firmado em junho de 2016 previa um patrocínio de € 2,3 milhões (R$ 9,68 milhões) para a restauração de um dos salões do castelo do século 17. A contrapartida para a firma poderia se elevar a até 25% desse montante.

Em outubro daquele ano, a Renault reservou o Grande Trianon, uma das construções do complexo de Versalhes, para um jantar, que, sabe-se agora, comemorava o segundo casamento de Ghosn. O valor do aluguel do espaço é de € 50 mil (R$ 210 mil).

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Casamento de Carole Nahas e Carlos Ghosn, no Palácio de Versalhes, em 2016 - Zero Hedge

O executivo está preso desde novembro no Japão, sob a acusação de ocultar parte de seus rendimentos e de usar dinheiro da Nissan, que também chefiava, para reaver perdas com investimentos particulares.

Até aqui, ele só está sendo processado por sua conduta à frente da montadora japonesa, cuja aliança com a Renault foi posta em xeque na esteira das denúncias contra Ghosn.

A firma francesa o manteve em seus cargos (o executivo acumulava a direção geral e a presidência do conselho administrativo) até o fim de janeiro, quando, diante do acúmulo de acusações no Japão e da pressão do Estado francês, acionista majoritário, desvencilhou-se dele.

A suspeita de desvio, para fins pessoais, de recursos previstos em contrato entre pessoas jurídicas é a primeira a sair da investigação interna conduzida pela Renault desde que o caso estourou, no fim de 2018

A conduta de Ghosn nas rédeas da joint venture Renault Nissan BV também está sob escrutínio.

Na quinta, a montadora francesa informou ter transmitido sua apuração à Justiça.

Mas há um grande asterisco na história: um recibo emitido pela empresa que organizou o casamento faz menção a uma locação “oferecida por Versalhes” a Ghosn, o que sugere que se poderia tratar de um presente pessoal, e não da apropriação indevida de um benefício do qual a Renault deveria usufruir.

OUTRO LADO

Fontes ligadas à defesa de Carlos Ghosn na França afirmaram que a acusação é "difamatória" e que Ghosn assumiu  todas as despesas da festa. 

Segundo nota da defesa, uma sala foi disponibilizada pelo Palácio de Versailles para o casamento e, "se a mesma foi considerada como patrocínio corporativo pela companhia, tal informação não chegou ao conhecimento de Ghosn. Caso soubesse, Ghosn estaria pronto a reembolsar o valor gasto".

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