Trump adia aumento de tarifas sobre produtos chineses, esfriando guerra comercial

Presidente afirmou que negociações entre os países avançaram; aumento ocorreria no dia 1º de março

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Nova York e São Paulo

Em um gesto de trégua na guerra comercial entre EUA e China, o presidente Donald Trump anunciou neste domingo (24) o adiamento da entrada em vigor de novas tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos importados do país asiático, citando “progresso substancial” nas negociações bilaterais. 

As tarifas de importações, que subiriam de 10% para 25%, seriam impostas a partir de sábado (2). O republicano não disse até quando durará o adiamento das sobretaxas.

O arrefecimento na guerra comercial entre os dois países deve ter repercussão positiva no mercado financeiro nesta segunda-feira (25), dadas as preocupações com os efeitos da disputa tarifária na economia mundial.

Em mensagem em uma rede social, Trump afirmou que estava “satisfeito” em informar que os EUA tinham feito progresso substancial nas negociações comerciais com a China “em assuntos estruturais importantes, incluindo proteção à propriedade intelectual, transferência de tecnologia, agricultura, serviços, moedas e outros temas”.

“Considerando que os dois lados façam progressos adicionais, estamos planejando uma cúpula para Xi [Jinping , dirigente da China] e eu, em Mar-a-Lago [Flórida], para concluir um acordo.” Trump, no entanto, não mencionou uma data para o encontro, em seu resort de luxo em Palm Beach.

Oficialmente, a guerra comercial entre EUA e China começou em março do ano passado, quando Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e de 10% sobre a de alumínio. Nesse primeiro momento, o alvo não era declaradamente o gigante asiático .

Mas a situação começou a escalar e a se tornar bilateral a partir de abril, quando a China retaliou e decidiu impor tarifas sobre US$ 3 bilhões de produtos americanos.

As primeiras negociações para resolver o impasse começaram em maio, mas, desde então, pouca coisa avançou, enquanto os dois países seguiam impondo mais tarifas bilaterais.
Em novembro, Trump e Xi voltaram a se falar, reacendendo a esperança de um acordo.
Em dezembro, durante encontro do G20, em Buenos Aires, os líderes anunciaram uma primeira trégua, que duraria 90 dias.

Os produtos atingidos pelas tarifas americanas vão de aeronaves e a equipamentos médicos. A China sobretaxou commodities, como a soja, o que aumentou as exportações da oleaginosa brasileira.

Em termos econômicos, o impacto da guerra comercial já começou a ser sentido nas contas chinesas. Em dezembro do ano passado, as exportações do país asiático recuaram ao ritmo mais forte em dois anos. 

As importações também contraíram, indicando fraqueza na China e redução da demanda global.

Apesar disso, em 2018 a China teve o maior superávit comercial com os Estados Unidos já registrado, com um aumento de 17,2%, para US$ 323,32 bilhões. O PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 6,6%, no menor ritmo desde 1990.

O pano de fundo para a disputa, dizem analistas, é a ameaça que a China representa à hegemonia americana e também algumas práticas chinesas questionadas pelo governo de Trump, como as transferências forçadas de tecnologia e a violação de direitos de propriedade intelectual.

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