Após decepção com PIB de 2018, economistas preveem expansão de 2,3% em 2019

Previsões que eram de alta de 3% até meados do ano passado despencam de um dia para o outro

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São Paulo

Economistas ouvidos pelo Banco Central reduziram bruscamente as projeções para o crescimento econômico de 2019.

Entre quinta-feira (28) e sexta-feira (1º), as expectativas colhidas no boletim Focus desaceleraram: a alta de 2,46% esperada para a economia neste ano passou para 2,30%. Uma semana antes, a alta esperada para a economia em 2019 chegava a 2,48%. 

Foi a queda de previsão para 2019 mais drástica desde junho do ano passado. Até meados do ano passado, economistas esperavam expansão de 3% para este ano. 

As revisões foram deflagradas pela decepção com os números do PIB (Produto Interno Bruto) de 2018, divulgados no dia 28 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

No ano passado, a economia cresceu 1,1%, mesmo percentual registrado um ano antes. O desempenho confirmou a retomada econômica mais lenta da história, como matéria da Folha já havia indicado. 

No último trimestre do ano passado, a economia cresceu apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior, deixando uma herança bastante fraca para este ano. Considerando o desempenho do último trimestre do ano passado, se o PIB não se mexesse neste ano, o crescimento seria de apenas 0,4%.

Esta é uma das razões para os economistas não se mostrarem muito otimistas mesmo com a trajetória da economia no ano que vem. 

Segundo o boletim Focus, a alta esperada para o PIB de 2020 é de 2,70%. Até o dia 28, no entanto, as previsões eram de crescimento de 2,80%. 

OCDE

Na avaliação de economistas, mesmo que a reforma da Previdência seja aprovada neste ano, é pouco provável que a economia brasileira encontre fôlego para deslanchar em 2019.

Passada a euforia com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), já há no mercado quem espere crescimento abaixo de 2%.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) reduziu as estimativas de crescimento para o Brasil em 0,2 ponto em 2019, a 1,9%, mantendo a projeção de expansão de 2,4% em 2020, informou relatório divulgado nesta quarta-feira (6).

A organização também cortou a projeção de crescimento para a economia global em 2019 e 2020, após reduções em novembro, alertando que as disputas comerciais e a incerteza sobre o Brexit afetarão as empresas e o comércio mundiais. 

De acordo com o relatório da OCDE, a perspectiva é que a economia mundial cresça 3,3% em 2019 e 3,4% em 2020.

Essas projeções representam cortes de 0,2 ponto percentual para 2019 e 0,1 ponto para 2020, em comparação com as estimativas da OCDE em novembro.

No Brasil, o Itaú foi uma das primeiras instituições a revisar suas projeções para 2019, de 2,5% para 2%. Entre os menos otimistas, o Banco Fibra revisou a estimativa de crescimento do PIB de 2,5% para 1,7% em 2019, embora tenha mantido a previsão de alta de 3% para 2020. 

Com o desempenho fraco do ano passado, a economia brasileira está no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012 e 5,1% abaixo do pico alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Diante de uma economia mais fraca, já há no mercado financeiro quem não descarte reduções da taxa Selic, hoje em 6,5%, ainda neste ano. Por enquanto, economistas ouvidos pelo Banco Central preveem manutenção do juro básico em 6,5%. 

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