Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, disse nesta quarta-feira (27) que o clima em Brasília está difícil e, em razão disso, é preciso que o governo faça política com "p" maiúsculo.
Ao comentar o embate entre governo federal e o Congresso Nacional em torno da reforma da Previdência, o sócio da gestora Gávea Investimentos concordou que o imbróglio agrava a tramitação da proposta.
"Eu não sou especialista em política, mas, olhando de fora, o clima está difícil", disse ele, em seminário sobre política fiscal organizado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e a consultoria Oliver Wyman.
Fraga lembrou que o país continua tendo um número enorme de partidos, mas ressaltou que a política funciona a partir de negociações e acomodações e que isso não tem nada a ver com corrupção, favores ou patrimonialismo -- "modelo rejeitado por todos nós", afirmou.
"A política existe na Noruega, no Japão, nos EUA, então, vamos ter que fazer política, e tem que ser política com 'p' maiúsculo porque o problema é grande", disse.
O economista disse ainda que vê riscos na tramitação da reforma da Previdência, pois o país está longe de ter um consenso. "O governo vai ter que mobilizar toda a sua energia, seu capital político para conseguir esse resultado. Isso vai depender do presidente à sua equipe", disse ele.
Para Fraga, a Previdência brasileira é repleta de injustiças que, no fundo, reforçam a desigualdade no Brasil. Dessa forma, disse ele, existem muitas e boas razões para se fazer essa reforma e que seja reforma impactante.
"Nossos problemas são enormes e a Previdência é o maior item que está na mesa, então precisamos aprovar uma boa reforma."
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