Inflação sobe 0,43% em fevereiro, com nova pressão de alimentos e bebidas

Reajuste das mensalidades faz grupo educação ter alta de 3,53%

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São Paulo

Mais uma vez, a inflação seguiu com um crescimento estimulado pelo setor de alimentos e bebidas, apesar de em fevereiro o aumento dos preços do segmento ser menor do que o observado no mês anterior.

Segundo informações divulgadas pelo IBGE nesta terça (12), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro apresentou alta de 0,43%. Projeção da Bloomberg era de crescimento de 0,38%.

Depois de impactar os preços em janeiro, o grupo de alimentos e bebidas seguiu exercendo influência, mas de forma menos intensa. Enquanto no primeiro mês do ano houve um avanço do grupo de 0,90%, em fevereiro a alta caiu para 0,78%. 

O destaque continuou vindo pelo preço do feijão carioca, que teve comportamento contrário ao de desaceleração registrado pelo grupo dos alimentos. No índice passado, o produto registrou uma alta de 19,76%, e em fevereiro chegou a um aumento de 51,58%.

Para o economista do Itaú Felipe Salles, o aumento do feijão é um fenômeno transitório. "São coisas temporárias, isso não preocupa. A parte dos alimentos é muito volátil."

O segmento educação também exerceu influência no avanço de fevereiro. O reajuste das mensalidades de cursos regulares fez com que o grupo apresentasse uma alta de 3,53% no mês –percentual inferior ao observado na inflação acumulada para 12 meses, de 3,89%.

De acordo com o economista do IBGE Fernando Gonçalves, esse avanço é um fenômeno sazonal. "A alta do IPCA de fevereiro já era esperada dada a força do grupo educação, que sempre sobe em meses de fevereiro. É algo que já estava na conta", disse Gonçalves.

"As mensalidades carregam normalmente a inflação anterior, mas tem o fator demanda também. Muitas escolas particulares estão segurando os aumentos para reter os alunos, já que em anos anteriores houve uma fuga para escolas públicas."

A agente de relacionamento Lecy de Nilo Rebouças foi comprar feijão-carioca em um hipermercado do Jaçanã e se assustou com o preço
A agente de relacionamento Lecy de Nilo Rebouças foi comprar feijão-carioca em um hipermercado do Jaçanã e se assustou com o preço - Jardiel Carvalho/Folhapress

Dos nove grupos analisados, apenas dois apresentaram comportamento negativo: o segmento de transportes e o de vestuários.

No caso dos transportes, o maior impacto veio do preço das passagens aéreas que recuou 16,65% no período.

“As passagens têm um peso grande no orçamento das famílias. É um momento de fim de férias, começo das aulas, então os preços começaram a descer, também por conta do aumento no final do ano passado”, segundo Gonçalves.

A gasolina também ajudou a segurar a inflação ao apresentar queda de 1,26% no mês. O etanol, por sua vez, recuou 0,81%.

A pesquisa Focus mais recente do Banco Central realizada junto a uma centena de economistas mostra que a expectativa para este ano é de uma inflação de 3,87%, indo a 4% em 2020. A projeção da inflação de 2019 feita pelo Itaú, segundo Salles, é de 3,6%.

O BC vem indicando que só a lenta atividade econômica e a inflação bem comportada não são suficientes para abrir espaço para eventual queda da taxa básica de juros, estacionada há quase um ano na mínima histórica de 6,5% ao ano.

O novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já sinalizou que deve manter a atual postura do BC na condução da política monetária ao pontuar que cautela, serenidade e perseverança são valores que devem ser preservados.

Com Reuters

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