Ipea reduz previsão do PIB e vê risco de recessão sem reforma

Instituto defende que país pode voltar à recessão caso reforma da Previdência não saia

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Rio de Janeiro

O Grupo de Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) reduziu de 2,7% para 2% a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2019. Para 2020, o instituto projeta crescimento de 3%.

O cenário considera a aprovação da reforma da Previdência. Sem ela, diz o Ipea, o país pode voltar ter recessão no médio prazo, em condições piores do que o último ciclo recessivo, já que o desemprego está alto e a situação fiscal dos estados, pior.

"Sem a reforma da Previdência, obviamente, o cenário é bastante pessimista, porque a gente tem um problema fiscal que não é possível de ser resolvido com medidas de curto prazo", disse o diretor de Macroeconomia do Ipea, José Ronaldo Souza Jr.

A revisão foi anunciada nesta quinta (28), logo após o Banco Central também anunciar redução de suas projeções com base no fraco desempenho da economia no fim de 2018 e efeitos do desastre de Brumadinho.

Segundo o Ipea, os indicadores econômicos nos primeiros meses do ano indicam que a recuperação iniciada em 2017 permanece lenta e a melhora nos indicadores de confiança ainda não se reflete na economia real.

"Ainda não conseguimos ver a decolagem da economia real", diz Souza Jr. "A gente olha os indicadores de confiança e de risco e vê um cenário bem diferente", completa.

Considerando a aprovação da reforma, o Ipea vê os investimentos crescendo 4,7% no ano, ainda com baixa participação da construção civil. O consumo das famílias deve crescer 2,6%.

Sob a ótica da oferta, o setor de serviços deve apresentar maior crescimento, de 2,2%. O PIB agrícola, uma das bases do crescimento nos últimos anos, deve crescer 0,4%. O instituto espera que a indústria, ainda em lenta retomada, cresça 1,8%.

O diretor do instituto avalia que, com as limitações fiscais impedindo a adoção de políticas expansionistas, a aceleração do crescimento depende da melhora das expectativas de investidores, que é atrelada à aprovação de reformas.

O Ipea calcula que, em um cenário sem mudanças na aposentadoria, a margem fiscal (diferença entre o teto de gastos e as despesas obrigatórias da União) cairá de R$ 151 bilhões este ano para R$ 51 bilhões em 2023.

O número pode ser menor, R$ 31 bilhões, caso gastos com educação e saúde permaneçam acima do piso exigido por lei. A projeção considera o cumprimento do teto de gastos públicos.

Com a reforma proposta pelo governo Jair Bolsonaro, diz o instituto, há um alívio médio de R$ 40 bilhões por ano no período. O cálculo considera que a aprovação de regras de transição, que garantem redução das despesas no curto prazo.

"Simplesmente, se essa reforma não é feita, não temos solução para um desafio estrutural de contas públicas", comentou o diretor do Ipea.

O Ipea revisou também a projeção de inflação ara 2019, que caiu de 4,10% para 3,85%.

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