Comitê da Nissan diz haver provas de violações cometidas por ex-presidente

Carlos Ghosn foi solto no início de março, após mais de 3 meses preso por má conduta financeira no Japão

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Yokohama (Japão) | Reuters

Um comitê externo que analisa a governança da Nissan Motor disse nesta quarta-feira (27) que há fatos suficientes para se suspeitar de violações de leis e de uso particular de fundos da empresa por parte do ex-presidente do conselho, o executivo brasileiro Carlos Ghosn.

Após auditoria de três meses em meio a um escândalo que abalou a indústria automotiva global, o comitê atribuiu a culpa diretamente ao que classificou como concentração de poder do executivo. O órgão também apontou o papel de Hiroto Saikawa, diretor-executivo da empresa, no arranjo salarial de Ghosn, que está no centro do escândalo.

Exatamente 20 anos depois que a montadora francesa Renault concordou em resgatar a Nissan, o comitê descreveu uma cultura corporativa na Nissan na qual ninguém poderia fazer nenhuma objeção ao senhor Ghosn, que era até certo ponto, endeusado dentro da companhia como um salvador que resgatou a resgatou do colapso.

O grupo emitiu 38 recomendações para fortalecer a governança da Nissan, entre elas que altos cargos executivos da montadora japonesa não devem ser ocupados por pessoas que têm cargos executivos na Renault ou na parceira minoritária Mitsubishi Motors.

Ele também propôs que a maioria dos diretores, inclusive o presidente do conselho, seja formada por diretores independentes e de fora e que o cargo de presidente da empresa seja abolido.

As recomendações do comitê externo de sete membros vêm semanas depois de Nissan e Renault anunciarem que reformularão sua aliança - duas das maiores montadoras de veículos do mundo -, para acabar com a toda-poderosa presidência antes exercida por Ghosn.

"Existem fatos suficientes para se suspeitar de violações de leis e regulamentos, violações de regras internas e de uso particular de fundos e gastos da empresa por parte do senhor Ghosn", disse o comitê em seu relatório.

Ele também destacou Greg Kelly, diretor da Nissan que também foi indiciado por supostamente ter ajudado o executivo a evitar a supervisão, e disse que Saikawa assinou documentos relacionados a compensações que Ghosn receberia depois de se aposentar.

"Está claro que há questões que exigem melhoras com respeito à governança da Nissan, já que esta não poderia evitar a má conduta".

Ghosn, que é acusado de má conduta financeira, foi libertado este mês pagando uma fiança de R$ 34 milhões de dólares depois de passar mais de 100 dias em um centro de detenção de Tóquio. Em sua defesa, o executivo afirmou que as acusações que lhe foram imputadas "não têm mérito". Kelly também negou as acusações.

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