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PIB do agro frustra e deve sofrer mais com clima e trégua na guerra comercial

Os dados do IBGE desta quinta-feira (28) mostraram alta de apenas 0,1% no ano

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Feira de agronegócio em Ribeirão Preto
Feira de agronegócio em Ribeirão Preto - Joel Silva/Folhapress
São Paulo

O Produto Interno Bruto da agropecuária foi frustrante no ano passado. Praticamente não houve evolução.

Os dados do IBGE desta quinta-feira (28) mostraram alta de apenas 0,1% no ano.

Tudo bem que a base de comparação de 2018 com a do ano imediatamente anterior era bastante elevada. Em 2017, o PIB do setor havia subido 12,5%. O dinamismo da agropecuária, porém, vinha dando boa sustentação ao PIB.

 

Como fica 2019? As perspectivas de evolução não são boas. O setor cresce, mas não no ritmo dos anos anteriores.

É cedo para avaliações, principalmente porque a concentração da produção agrícola é grande no início de ano e, em 2019, o clima não ajuda.

Órgãos públicos, como IBGE e Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e consultorias privadas ainda reavaliam os estragos do clima sobre a safra atual.

Neste período do ano, estão no campo as lavouras de soja, de arroz e de milho verão, produtos que estão entre os mais importantes.

Mesmo assim, e com base nos dados atuais, consultorias já fazem seus cálculos. A MacroSector prevê uma alta de 1% para o PIB agropecuário neste ano, enquanto a Rosenberg Associados estima 1,5%.

Já a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), um pouco mais otimista, espera uma evolução próxima de 3%, puxada pela pecuária.

O crescimento do PIB do setor passa por uma série de fatores, que vão do clima e de seus efeitos sobre a produção à reforma da Previdência e à consequente reativação do mercado interno.

Pesam ainda o comportamento do mercado externo e a habilidade de o Brasil se livrar de conflitos desnecessários, como aqueles nos quais às vezes o novo governo se mete.

O rearranjo do comércio mundial no pós-guerra comercial entre Estados Unidos e China, quando ocorrer, também deverá influenciar o PIB brasileiro da agropecuária.

Após se envolver nessa aventura de guerra de taxas com a China, o presidente americano percebeu que a agropecuária do país foi um dos setores mais prejudicados.

Para compensar o setor agrícola, as commodities estão sendo colocadas como prioridades nas negociações.

A China poderá elevar as compras de soja e de carnes dos EUA, dois produtos cuja liderança mundial é do Brasil.

Um acerto entre as duas potências nesse setor deverá dificultar as exportações brasileiras. O resultado poderá ser um freio no PIB agropecuário, setor em que o Brasil tem se mostrado bastante competitivo nos anos recentes.

O inimigo iminente é o clima. A safra da soja, produto líder no Brasil --e cuja safra se desenvolve neste período do ano--, está com produção bem abaixo do que se esperava, o que vai comprometer volume e renda de produtores.

Na lista de produtos que terão safras menores estão também arroz, café arábica, feijão, fumo, cacau, laranja e trigo.

Na outra ponta, vão cooperar com o PIB agropecuário o milho o segundo maior volume de grão produzido no país—, o algodão e a mandioca, de acordo com o IBGE.

Para Maurício Nogueira, da Athenagro, a cadeia de proteínas também poderá sustentar o PIB neste ano. A produção não deve crescer, mas os preços serão melhores. No caso da carne bovina, as exportações poderão bater novo recorde.

Entre as ameaças de fora, estão as barreiras comerciais que o Brasil vem enfrentando, principalmente em proteínas.

As sangrias das recentes crises de 2017 e de 2018 não foram sanadas, e o país ainda enfrenta barreiras em seus principais compradores de proteínas, como a União Europeia, a Arábia Saudita e a China.

Essas barreiras impõem dificuldades aos brasileiros na formação dos preços e fazem o país perder posições no mercado internacional.

Líder isolado por muitos anos nas exportações de carne de frango para a União Europeia, o Brasil perdeu essa posição para a Tailândia no ano passado.

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