Visita de Bolsonaro a Trump frustra empresários e investidores

Reunião em Washington, no dia 19, não deve resultar em avanços concretos para acordos econômicos

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Washington

A visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, na próxima semana, não deve resultar na assinatura de acordos comerciais concretos, o que desanima empresários e investidores.

A expectativa inicial no mercado financeiro era que o alinhamento ideológico entre o brasileiro e o presidente dos EUA, Donald Trump, facilitasse a apresentação de detalhes para um acordo de livre-comércio entre os dois países, mas o que deve ser anunciado sobre o tema é apenas um novo protocolo de intenções.

Após o encontro de Bolsonaro com Trump, no dia 19, na Casa Branca, um acordo de comércio não tradicional —em inglês, non traditional trade arrangement— deve ser divulgado. 

 

Com um tratado mais genérico, a tentativa é mostrar que há abertura de negociações para o livre-comércio, porém ainda pouco avançadas até o momento. 

A chancela oficial para o fim da bitributação entre os dois países, discutida há anos, também não deve se concretizar.

Com as informações que circulam em Washington, empresários e investidores já tratam a reunião entre Bolsonaro e Trump como simbólica, mas um primeiro passo para o aprofundamento da relação econômica entre Brasil e Estados Unidos.

“O mercado está cético, não acha que vai haver assinatura de algo grande, concreto. Nada que mude os preços de ativos”, afirma Filipe Carvalho, analista de Brasil da consultoria americana Eurasia.

Fontes do governo dos Estados Unidos dizem que a ordem de Trump é de aproximação a Bolsonaro, com o argumento de que o brasileiro está ao seu lado na política e que, por isso, é preciso trabalhar em parceria. 

O desafio dos auxiliares do americano, no entanto, tem sido elaborar uma agenda de substância além do encontro reservado e almoço marcados para a terça-feira (19) na Casa Branca.

Em comunicado divulgado na sexta-feira (8), o governo americano afirmou que os presidentes vão discutir cooperação em defesa e segurança e a restauração da democracia na Venezuela, além da construção de um Ocidente “mais próspero, seguro e democrático”.

No Planalto, assessores de Bolsonaro dizem que os acordos vão girar em torno, principalmente, da troca de informação na área de inteligência, defesa e militar e do acordo de salvaguarda tecnológica que vai permitir o lançamento de satélites americanos da base de Alcântara (MA) —este é considerado até agora o ponto mais concreto e estratégico da visita.

Segundo integrantes do governo brasileiro, Bolsonaro não vai mudar a posição do país, contrária à intervenção na Venezuela, nem mesmo se houver apelos diretos de Trump. 

Ao final do encontro, a declaração presidencial sobre o tema deve contar com críticas ao ditador Nicolás Maduro e a manutenção de apoio ao líder oposicionista Juan Guaidó, autodeclarado presidente e reconhecido por ambos os países.

Como publicou a Folha, Trump também deve anunciar que o Brasil passará a ter o status de “major non-NATO ally” —grande aliado extra-Otan—, designação que cabe a países que não são membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), mas que são considerados aliados estratégicos militares dos EUA.

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