Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro diz que não permitirá propaganda de estatal que não siga sua linha

Eu não sou armamentista? Então, ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio, afirma

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse neste sábado (27) que não tolerará propagandas de estatais que não sigam a sua linha ideológica, mesmo depois de o governo ter recuado da iniciativa de impor análise prévia de campanhas publicitárias.

“Quem indica e nomeou o presidente do Banco do Brasil? Sou eu? Não preciso falar mais nada, então”, afirmou o presidente.

“A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito à família. Ninguém quer perseguir minoria nenhuma, nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira”, prosseguiu.

Questionado sobre como pretende controlar o conteúdo veiculado, ele disse que as autoridades de seu governo terão de respeitar a sua orientação.

Cena de comercial do Banco do Brasil, que foi tirada do ar
Cena de comercial do Banco do Brasil, que foi tirada do ar - Reprodução

“Por exemplo, meus ministros. Eu tinha uma linha armamentista, eu não sou armamentista? Então, ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio”, determinou. “É a regra do jogo.”

Nesta semana, Bolsonaro mandou tirar do ar uma campanha publicitária do Banco do Brasil dirigida ao público jovem com atores que representavam a diversidade racial e sexual.

No ar desde o início de abril, a propaganda foi suspensa no último dia 14 depois que o presidente assistiu ao filme. No comercial, os atores são quase todos jovens, há mulheres e homens negros, e uma das personagens é transexual. Muitos aparecem com tatuagens e cabelos coloridos.

“Não é a minha linha, vocês sabem que não é a minha linha”, disse o presidente.

Depois do episódio, o governo decidiu que empresas estatais deveriam submeter previamente à avaliação da Secom (Secretaria de Comunicação Social) campanhas publicitárias de natureza mercadológica.

Horas depois, recuou. A Secretaria de Governo, a quem a equipe de comunicação está subordinada, informou na noite desta sexta-feira (26) que a Secom não observou a Lei das Estatais e que não cabe à administração direta intervir no conteúdo de publicidade.

O presidente Jair Bolsonaro posa para foto com policiais do Distrito Federal
O presidente Jair Bolsonaro (ao centro) posa para foto com policiais do Distrito Federal - Sergio Lima/AFP

Mal-entendido

Bolsonaro visitou neste sábado a estudante  Yasmin Alves, 8, na Cidade Estrutural, periferia de Brasília, para, segundo ele, desfazer um mal-entendido provocado pela imprensa.

Há alguns dias, o presidente recebeu um grupo de alunos e o vídeo inicialmente divulgado levou à interpretação do jornal O Estado de S.Paulo de que a menina se recusava a cumprimentá-lo. Depois, com a íntegra da cena, o diário constatou o erro e se corrigiu.

“Eu perguntei quem era palmeirense e ela falou que não, nada além disso”, afirmou Bolsonaro na saída de sua casa. A estudante vestia a camiseta do Flamengo presenteada pelo presidente em visita que ela fez ao Palácio do Planalto nesta semana.

“Não tentei mudá-la de time, não”, comentou. Bolsonaro disse que fez a visita para desfazer a imagem de que ela era mal-educada em sua comunidade.

A região, carente, mobilizou-se em parte para recebê-lo. A rua e arredores da casa foram bloqueados, de modo que alguns moradores acenaram para o presidente à distância.

Pouco antes de o presidente deixar a casa da estudante, o esgoto escorreu do cano da calçada bem na área montada para a entrevista, impregnando a rua de mau cheiro. Bolsonaro acabou falando com os jornalistas alguns passos para o lado.

Ele estava acompanhado da mulher, Michelle, que levou um bolo de chocolate, do deputado Helio Lopes (PSL-RJ), de Helio Negão, e do ministro Floriano Peixoto (Secretaria-Geral).

Os pais da estudante serviram pão com leite condensado, café da manhã do qual Bolsonaro mostrou gostar na eleição quando recebeu a Rede Globo em sua casa com a refeição servida.

“Mas não deu tempo de comer, não. Tomei só uma xícara de café”, contou.

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