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Caçador de robôs vintages correu o mundo para formar coleção de 250 peças

Ex-secretário do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa ganhou o primeiro há dez anos

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São Paulo

Quando Paulo Pedrosa deixou o cargo de secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, em abril de 2018, decidiu se dar um presente: um novo integrante para sua coleção de robôs.

De cor cinza metálica, olhos verdes em espiral (como se estivesse hipnotizado) e mãos em forma de chave inglesa, o robô de lata do final dos anos 1950 quebrou uma moratória de três anos sem novas adesões em sua coleção.

Ao todo, Pedrosa reuniu 250 exemplares, das décadas de 1950, 1960 e 1970, entre réplicas e originais. Muitos deles ainda funcionam, e alguns têm até as caixas intactas.

“Sou de uma geração que sonhava com inteligência artificial, robótica. São assuntos que voltaram, e os dilemas são os mesmos. Isso aqui é uma brincadeira para mim. Acho que a vida tem que ter um pedacinho que não é sério”, diz sentado em um sofá de sua casa, no Lago Sul, em Brasília.

Pedrosa fez carreira no setor de energia elétrica. O engenheiro já foi diretor da agência reguladora do setor, a Aneel, conselheiro da ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico) e, entre maio de 2016 e abril de 2018, ocupou cargo central no Ministério de Minas e Energia, onde articulou reformas e desestatizações.

Hoje preside a Abrace, que reúne grandes empresas consumidoras, responsáveis por mais de um terço da demanda de energia industrial do país.

A coleção de robôs de Pedrosa começou há dez anos, com um presente da filha: a réplica —mais tarde foi substituída pela versão original— de um robô preto, com engrenagens coloridas na barriga. 

Pedrosa não esconde que tem um favorito. Seu nome é Door Robot (em português, “robô-porta”), um exemplar do fim dos anos 1950. 

O nome vem de uma pequena porta em seu peito, que permite a troca de uma lâmpada acionada por controle remoto. Arrematado em um leilão, foi um dos mais difíceis de conseguir. 

“Ao longo de uns quatro, cinco anos, tentei comprá-lo em leilões. Como os colecionadores profissionais só chegam no último momento, para não chamar a atenção, mais de uma vez achei que ia levá-lo, mas perdi faltando dez segundos para o fim”, diz ele. 

“Um dia, acho que todo o mundo estava dormindo, e consegui levar.”

O apreço pela peça é tal que Pedrosa fez uma tatuagem do Door na batata da perna.

A coleção tem diversas unidades que lembram Robby, o Robô do filme “Planeta Proibido”, de 1956, baseado na peça “A Tempestade”, de Shakespeare. A personagem é uma das mais influentes na ficção científica e inspirou versões robóticas em outros clássicos, como “Star Wars” e “2001”.

Sua principal marca, diz Pedrosa, é a cabeça em formato de ogiva. As pernas são rechonchudas, no estilo do boneco da marca de pneus Michelin, e o braços, curtos. 

Há cerca de três anos, Pedrosa fez uma viagem ao Japão, pegou um trem até Yokohama (a cerca de cem quilômetros de Tóquio) e visitou Teruhisa Kitahara, uma espécie da papa dos robôs antigos, que tem um museu  de brinquedos na cidade. 

E, claro, não deixou o país —paraíso para colecionadores— sem um robô. 

Ele tem outros exemplares garimpados em viagens pelos Estados Unidos, em Londres —na feira de Camden Town— e em Buenos Aires. “Às vezes algum amigo que está viajando vê um robô e me liga. Eu já peço para mandar foto, ver o que está escrito na etiqueta atrás, onde foi fabricado.”

Na última semana, Pedrosa tirou alguns robôs do armário —que fica cuidadosamente vedado e preso à parede de uma sala em sua casa— para a Folha fazer as fotos. 

No dia seguinte, dedicou um tempo para limpeza e lubrificação das peças. Registrou o trabalho e publicou em um grupo no Facebook chamado “Robots and space vintage Tin toys”, que reúne quase 4.000 aficionados por robôs e brinquedos antigos.

Em três dias, ganhou 191 curtidas de colecionadores em mais de 20 países —e enviou uma imagem, por mensagem, à repórter: “Veja que não sou o único maluco”.

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