Descrição de chapéu Financial Times

Conselho da Renault acusa ex-presidente de violar normas éticas da empresa

Montadora de automóveis francesa critica Carlos Ghosn pela primeira vez após investigação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Londres, Paris e Tóquio | Financial Times

O conselho da Renault acusou Carlos Ghosn de "práticas questionáveis e ocultas" e de violar as normas éticas da empresa. Essa é a primeira vez que a montadora francesa criticou seu ex-presidente.

No dia em que Ghosn prometeu combater a onda cada vez maior de acusações contra ele e "dizer a verdade" em sua primeira entrevista coletiva desde sua detenção, na semana que vem, a Renault anunciou as conclusões de uma investigação interna sobre o homem que a salvou do colapso e liderou por quase duas décadas.

A empresa cancelou o pagamento de parte da pensão de Ghosn e revogou a bonificação a que ele teria direito pelo ano de 2018, depois de identificar pagamentos suspeitos no Oriente Médio, e disse que se "reserva o direito" de mover processos contra Ghosn na Justiça francesa.

Uma investigação separada que continua em curso e envolve também a Nissan identificou "sérias deficiências" de "transparência financeira" na holding holandesa que serve como centro para a aliança mundial entre as montadoras.

Isso representa um sério revés para a Renault, que inicialmente relutava em criticar Ghosn. O executivo sempre se declarou inocente nos dias que se seguiram à sua detenção a pedido dos procuradores públicos de Tóquio, em novembro; ele mais tarde foi acusado pelas autoridades japonesas de delitos de conduta financeira na Nissan.

As constatações desta quarta-feira (03) surgiram horas depois que Ghosn, usando uma conta recém-criada e verificada no Twitter, anunciou que concederia uma entrevista coletiva no dia 11 de abril em Tóquio - sua primeira desde que saiu da prisão sob fiança, um mês atrás.

"Estou me preparando para contar a verdade sobre o que está acontecendo", tuitou Ghosn, a despeito da proibição a que use qualquer forma de computador ou celular com acesso à internet, como parte das condições para sua fiança.

A entrevista coletiva pode ser adiantada, e a equipe de advogados de Ghosn vem avaliando o risco de que as autoridades japonesas movam novas acusações contra ele em breve.

A preocupação da equipe de Ghosn surgiu por conta de reportagens na mídia japonesa, por exemplo na rede de TV pública NHK e no jornal Yomiuri, sobre a possibilidade de que os procuradores de justiça de Tóquio estejam considerando novas acusações contra Ghosn, por pagamentos realizados a uma distribuidora da Nissan-Renault em Omã. Há suspeitas de que eles tenham sido desviados para uso pessoal do executivo.

Representantes de Ghosn em Paris dizem que os pagamentos feitos pela Renault ao distribuidor em Omã "não foram desviados de seus objetivos comerciais e de maneira alguma beneficiaram Carlos Ghosn ou sua família, no todo ou em parte".

Os planos das autoridades quanto a novas acusações, caso confirmados, marcariam uma virada crucial no tom das acusações oficiais contra Ghosn.

Os indiciamentos existentes o acusam de ocultar o valor total de sua remuneração e de violações de confiança, enquanto as investigações sobre o Omã parecem ter como foco supostos delitos que beneficiariam o ex-chairman da Nissan pessoalmente.

Ghosn deixou a presidência executiva e do conselho da Renault em janeiro, e deixará o conselho da empresa em junho, anunciou a montadora.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.