Em carta, agronegócio pede a Bolsonaro empenho na reforma da Previdência

Maiores entidades manifestam "extrema preocupação" com tramitação da legislação

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São Paulo

As 44 maiores entidades do agronegócio brasileiro divulgaram nesta segunda-feira (2) uma carta dirigida ao presidente Jair Bolsonaro, pedindo ao mandatário e ao Congresso empenho na aprovação da reforma da Previdência.

Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante encontro com o secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Jorge Seif junior, em Jerusalém.
Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante encontro com o secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Jorge Seif junior, em Jerusalém. - Alan Santos/PR

Na carta, associações como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), ABAG (Associação do Agronegócio do Brasil), Aprosoja, Citrus e Unica, que representam 90% da produção agropecuária brasileira, manifestam “a extrema preocupação com os andamentos da tão necessária Reforma da Previdência Social”.

“Senhor Presidente, para que possamos garantir esse futuro e continuar a saga de sermos o “carro chefe” da economia brasileira, precisamos que o Brasil prospere, que os investimentos aconteçam e que as bases para esse futuro brilhante sejam semeadas e cultivadas porque sem isso não há colheita”, diz a carta. “Sabemos que, sem a reforma da Previdência Social, em poucos anos, o País quebra e quase a totalidade dos recursos da União será destinada para folha de pagamento e aposentadorias.”

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e o presidente, Jair Bolsonaro, trocaram farpas na semana passada, com Bolsonaro sinalizando que a responsabilidade de dar seguimento à tramitação da reforma é do Congress,o e Maia indicando ser necessário o presidente se empenhar na articulação política para que a reforma ande. Nesta semana, Executivo e Legislativo ensaiaram uma trégua, mas a paralisia na tramitação da reforma preocupa muito os empresários do agronegócio.

 Segundo representantes do agronegócio ouvidos pela Folha, o destinatário da carta é o presidente da República, e não o Congresso, porque a percepção é de que Bolsonaro tem que fazer força para que a reforma tramite. A carta, segundo eles, é um apelo para que Bolsonaro faça o trabalho dele de negociar com o parlamento e fazer a legislação andar, de assumir que a reforma é dele.

Mas a missiva termina fazendo um apelo também ao Congresso. “Temos confiança que este Governo e essa Legislatura serão capazes de nos dar a esperança de um futuro muito melhor para nossos filhos e netos.”

Abaixo, a íntegra da carta:

CARTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Excelentíssimo Senhor Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO

Presidência da República

ASSUNTO: APOIO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA 2019.

Senhor Presidente,

As entidades signatárias deste documento, que representam cerca de 90% da produção agropecuária brasileira, gostariam de externar à Vossa Excelência a extrema preocupação com os andamentos da tão necessária Reforma da Previdência Social.

Nosso setor, Senhor Presidente, tem um inabalável compromisso com o nosso País: seremos responsáveis por alimentar nossa Nação hoje e no futuro. Recebemos com orgulho o desafio de responder por cerca de 40% do crescimento da oferta de alimentos para atender 9 bilhões de habitantes no mundo em 2050, segundo previsão da FAO, braço da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

Esse crescimento, se formos capazes de aproveitar as oportunidades que o Mundo nos oferece, trará mais renda, desenvolvimento e prosperidade para o nosso País. Trará um futuro melhor, além de manter o Brasil na confortável posição de ser uma Nação que não depende de mais ninguém para alimentar o seu próprio povo, um privilégio para poucos.

Contudo, Senhor Presidente, para que possamos garantir esse futuro e continuar a saga de sermos o “carro chefe” da economia brasileira, precisamos que o Brasil prospere, que os investimentos aconteçam e que as bases para esse futuro brilhante sejam semeadas e cultivadas porque sem isso não há colheita.

Sabemos que, sem a reforma da Previdência Social, em poucos anos, o País quebra e quase a totalidade dos recursos da União será destinada para folha de pagamento e aposentadorias. Faltarão recursos para investimentos, para custeio, para o aperfeiçoamento profissional de nosso povo. Faltará esperança.

Por outro lado, a reforma da Previdência Social será responsável por destravar investimentos públicos e privados, bem como colocar o Brasil numa rota de crescimento sustentável e capaz de aproveitar suas diversas vocações, o que tem o colocado na condição de potência na produção de alimentos, fibras e energia renovável. Esse é um legado que só este governo e esta legislatura são capazes de deixar.

Apenas como referência, Senhor Presidente, as entidades signatárias deste documento e seus setores representados, responderam por cerca de 18,1 milhões de empregos no terceiro trimestre de 2018, num dos períodos que o nosso País mais precisou de vagas para o povo brasileiro, segundo dados do Centro de Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

Acreditamos, porém, que somos capazes de fazer ainda mais. Queremos fazer ainda mais. Desta forma, diante da importância estratégica do setor para retomada do crescimento econômico do país e na geração de emprego e renda no campo, afirmamos nosso compromisso em apoiar a proposta de Reforma da Previdência (PEC 06/2019), seus necessários ajustes a cargo do Congresso e a possibilidade de aperfeiçoamentos no atual Sistema de Previdência Social.

Temos confiança que este Governo e essa Legislatura serão capazes de nos dar a esperança de um futuro muito melhor para nossos filhos e netos. Mas precisamos semear e cultivar para colher.

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