Em meio a protestos, controladores da Vale aprovam contas de 2018

Controladores emplacaram 12 dos 13 candidatos ao conselho de administração

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Rio de Janeiro

Em assembleia marcada por protestos por causa da tragédia de Brumadinho (MG), os acionistas controladores da Vale emplacaram 12 dos 13 candidatos ao conselho de administração da companhia.

Eles mantiveram sete nomes que já estavam no colegiado e perderam uma vaga para minoritários.

A reunião teve manifestação de grupos ativistas que criticaram a gestão da empresa após o rompimento de duas barragens em Minas Gerais desde 2015, que deixaram ao menos 252 mortos e rastros de destruição nas bacias dos rios Doce e Paraopeba.

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Manifestantes colocaram placas com os nomes dos mortos em Brumadinho, em frente ao prédio onde aconteceu a assembleia de acionistas da Vale - Sergio Moraes/Reuters

Na assembleia, foram aprovadas as demonstrações contábeis da mineradora referente ao ano de 2018 e novo plano de remuneração da diretoria, que atrela parte dos bônus à evolução dos trabalhos de remediação dos danos causados pelos rompimentos.

Na eleição do conselho, os controladores Bradesco, Previ e Mitsui foram derrotados na disputa por uma das vagas reservadas a acionistas minoritários com a derrota de Clarissa Lins para Patricia Bentes. Os outros doze nomes tinham o aval dos maiores acionistas da companhia.

Por pressão de minoritários, a eleição foi realizada sob o sistema de voto múltiplo, no qual cada candidato teve votações separadas, ao invés de votação em chapa única. A estratégia tem como objetivo tentar reduzir o poder do bloco de controle no comando da companhia.

Entre o grupo eleito, as três vagas ligadas à Previ (que gere a aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil) foram renovadas - a fundação diz que a troca de conselheiros é um processo natural. Os nomes ligados ao Bradesco e à Mistui foram reconduzidos. 

No início da assembleia, o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, fez apresentação para os acionistas e, segundo os presentes, se disse comovido e surpreso com o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, no fim de janeiro.

A Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale, porém, acusou a companhia de ter conhecimento prévio dos riscos da estrutura. "Na assembleia do ano passado, alertamos eles sobre os riscos da barragem", afirmou a professora da UFRJ Karina Kano.

Ela é parte de um grupo de ativistas que detêm ações da companhia para poder participar das assembleias e tentar debater sobre problemas sócio-ambientais. "É uma maneira de dar visibilidade para atores que não conseguiriam estar aqui", explica.

Segundo os ativistas, não houve comentários por parte dos outros acionistas a respeito das tragédias.

"Nem uma palavra", disse Carolina Moura, moradora de Brumadinho e também integrante da articulação.

"Os acionistas da Vale têm as mãos sujas de sangue", protestou.

Os ativistas colocaram nas escadas em frente ao edifício onde a assembleia foi realizada placas lembrando os nomes dos 233 mortos e 37 desaparecidos em Brumadinho. Outras 19 pessoas morreram com o rompimento da barragem de Mariana (MG), operada pela Samarco, em 2015.

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