Helio Beltrão estreia coluna semanal em Mercado

Engenheiro é um dos principais semeadores do pensamento liberal no Brasil

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São Paulo

A primeira coisa que chama a atenção no currículo de um dos principais semeadores do pensamento liberal no Brasil é o modo como ele se qualifica: Helio Beltrão, 51, é um anarcocapitalista.

O cuidado com a forma como se coloca no espectro político e econômico talvez mostre como o chamado liberalismo —que, grosso modo, defende a propriedade privada e a liberdade de pensamento— cresceu e deu frutos no Brasil ao longo dos últimos anos.

“Sinto-me 99,9% um liberal clássico. Mas, no momento em que o liberalismo clássico coloca o governo para definir vida, propriedade e liberdade, eu discordo. Vai dar errado”, diz, ao explicar a descrença do anacorcapitalismo na intromissão do governo em qualquer seara.

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Helio Beltrão, autodefinido como anarcocapitalista, que passa a escrever às quartas-feiras  - Karime Xavier - 30.nov.18/Folhapress

A partir desta quarta (17), Beltrão passa a assinar coluna semanal na editoria Mercado.

Beltrão diz que não imaginava que esses conceitos se popularizariam tanto lá nos anos 2000, quando fundou dois ícones do pensamento liberal no país —o Instituto Millenium e o Instituto Mises Brasil.

O Millenium foi criado em 2005 por Patrícia Carlos de Andrade (filha do ex-diretor de jornalismo da Globo Evandro Carlos de Andrade), Beltrão, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, e o empresário Jorge Gerdau, entre outros.

Embora os institutos dialoguem, a proposta do Millenium é divulgar ideias liberais e formular políticas públicas. 

Já o Mises, diz, busca influenciar a visão de mundo de um público mais jovem, de 15 a 25 anos. 

A inspiração teórica veio de Ludwig von Mises (1881-1973), expoente da Escola Austríaca, conjunto de pensadores fora do mainstream econômico, que possui como fundamentos o individualismo metodológico, a propriedade privada e o livre mercado.

Feliz com liberais no poder? Beltrão diz que se belisca todo dia para saber se é verdade. “Sempre tive dúvidas se isso seria possível. E acho que é só o começo”, diz.

A vontade de criar os institutos veio depois de ter perdido dinheiro na crise do fim da década de 1990, quando se viu forçado a revisitar premissas e acabou impactado pelas teorias da Escola Austríaca.

“Conversei com muita gente, li muito e isso me ajudou a recuperar o que tinha perdido na crise. Fiquei tão grato que passei a sentir necessidade de devolver à sociedade”, diz. 

Para Beltrão, a eleição de Jair Bolsonaro é, de certa forma, a prova de que o pensamento liberal avançou no Brasil.

“Não que nós, liberais, concordemos com a cabeça de Bolsonaro. Mas as eleições foram reflexo de uma associação informal que ele, habilmente, capitaneou entre conservadores, alguns maluquinhos e os liberais. Ele demonstrou na prática a força do iceberg”, diz Beltrão.

Engenheiro formado pela PUC do Rio e com MBA na Universidade Columbia, Beltrão é filho do economista Helio Beltrão, ministro durante os governos militares de Costa e Silva e João Figueiredo.

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