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Indústria patina no 1º bimestre e contabiliza atraso de uma década

A produção total do setor hoje é idêntica à de março de 2009

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São Paulo

O fraco desempenho da indústria no primeiro bimestre alimenta o pessimismo em relação às chances de crescimento da economia brasileira em 2019.

A produção industrial, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (2), cresceu apenas 0,7% em fevereiro sobre janeiro (descontados os efeitos sazonais do período).

Abaixo do esperado por economistas ouvidos pela agência Bloomberg, que previam alta de 1%, o resultado foi o suficiente apenas para compensar a queda de igual magnitude registrada no mês anterior.

Além de não ter saído do lugar no primeiro bimestre de 2019, a indústria continua muito aquém do nível anterior à recessão, que se estendeu entre o segundo trimestre de 2014 e o último de 2016.

Traduzindo em números: a produção total do setor hoje é idêntica à de março de 2009. Ou seja, a indústria contabiliza atraso de uma década.

"Isso mostra que o setor ainda tem um espaço a ser percorrido para recuperar as perdas do passado", afirma André Macedo, gerente de coordenação de indústrias do IBGE.

O resultado de fevereiro teria sido melhor não fosse a contração de 14,8% da indústria extrativa, a mais severa registrada desde o início da série histórica, em 2002. O desempenho é explicado pela tragédia de Brumadinho (MG), que derrubou a produção de minério.

Mas isso não significa, dizem economistas, que o setor demonstraria sinais de retomada mais vigorosa não fosse o rompimento da barragem.

"Olhando um conjunto mais amplo de dados, fica claro que a economia não consegue acelerar", afirma Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.

Por isso, segundo o analista, existe o risco de novas rodadas de revisões de expectativas de crescimento para baixo.

"Atualmente, nossa projeção é de um crescimento de 2% em 2019. Mas, se fosse atribuir um viés para essa tendência, ele seria de baixa", afirma Salles.

A projeção do Itaú Unibanco coincide com a média esperada pelo mercado, que tem caído desde o fim de janeiro.

"Há um desapontamento com a própria economia. O mercado de trabalho, por exemplo, não melhora. E esse cenário é agravado pela incerteza do ambiente político", diz Aloisio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre/FGV.

Em parte, a oscilação recente no desempenho industrial se deveu a fatores externos ou pontuais, como a crise argentina —que reduz a demanda por automóveis brasileiros—, a paralisação de caminhoneiros em 2018 e o rompimento da barragem em Minas.

Mas, segundo economistas, a incerteza em relação à aprovação de reformas que reduzam o rombo nas contas públicas, como a da Previdência, é também parte importante da explicação para a recuperação lenta tanto da indústria quanto da economia como um todo.

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