Justiça japonesa aprova liberdade de Carlos Ghosn

Ex-líder da Renault-Nissan terá de pagar fiança de R$ 18 milhões

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Tóquio | AFP

Tribunal de Tóquio anunciou nesta quinta-feira (25) a aprovação da liberdade mediante fiança do executivo Carlos Ghosn, detido desde o início de abril por abuso de confiança com agravante. A acusação está relacionada ao desvio de fundos da montadora Nissan.

A promotoria provavelmente apelará, mas se o recurso for rejeitado, o ex-presidente da aliança Renault-Nissan poderá ser solto ainda nesta sexta-feira após o pagamento de uma fiança de 500 milhões de ienes (R$ 18 milhões).

Após sua segunda detenção em 4 de abril em sua casa em Tóquio, apenas um mês depois de deixar a prisão, Ghosn, 65 anos, que tem tripla cidadania francesa, libanesa e brasileira, foi interrogado sobre as transferências de dinheiro entre a Nissan e um distribuidor de veículos da marca em Omã.

De acordo com os promotores, US$ 5 milhões (R$ 19,7 milhões) destes fundos foram usados para o enriquecimento pessoal.

Segundo analistas, esta é a acusação mais grave apresentada até agora contra Ghosn, cinco meses após sua primeira detenção, em 19 de novembro de 2018 no aeroporto de Tóquio.

O executivo tem diz ser inocente e vítima de uma conspiração contra ele. 

"Meu marido é inocente de tudo", escreveu Carole Ghosn em um artigo publicado recentemente no Washington Post, no qual expressou preocupação com a saúde do executivo.

Carole afirma que tanto o ministro japonês da Economia e Comércio como os executivos da Nissan eram contrários à fusão entre a montadora japonesa e a Renault, medida que era defendida por Ghosn.

 "O que deveria ter sido resolvido no conselho de administração se tornou um caso judicial", escreveu.

O executivo, que já foi o todo-poderoso presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, foi indiciado duas vezes por não declarar todos os rendimentos entre 2010 e 2018 nos documentos que a Nissan entregou às autoridades financeiras japonesas.

Ghosn também foi acusado de abuso de confiança, com a denúncia, entre outras coisas, de tentativa de fazer a Nissan compensar as perdas em seus investimentos pessoais durante a crise financeira de 2008.

Em 6 de março, Ghosn foi libertado depois de passar 108 dias em um centro de detenção em Kosuge (norte de Tóquio), após pagar fiança de 1 bilhão de ienes ( € 8 milhões, o equivalente a R$ 35,4 milhões).

No início de abril, ele foi levado novamente para a mesma prisão.

Ele havia sido colocado em prisão domiciliar, porque o tribunal descartou o risco de fuga e de destruição de provas. Uma situação que, segundo os advogados, não mudou e poderia justificar uma nova libertação, à espera do julgamento, dentro de vários meses.

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