Americano transforma vaga de carro na rua em escritório

Projeto criado como protesto visa incentivar readaptação de espaços para negócios

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São Paulo

Alugar uma mesa em um espaço de trabalho compartilhado (coworking) na área central de San Francisco custa em torno de US$ 500 (R$ 1.970) por mês. Parar o carro em um rua da região custa US$ 2,75 (R$ 10,80) por hora.

O desenvolvedor Victor Pontis, 26, fez a conta e achou injusto haver mais espaços baratos para veículos estacionarem do que lugares para pessoas trabalharem. 

Então, resolveu colocar uma mesa na rua, pagar um tíquete como se fosse um carro e trabalhar ali por uma tarde, num ato de protesto, para mostrar que os espaços destinados aos automóveis poderiam ser usados para outros fins.

Pontis publicou sua ação nas redes sociais e acabou atraindo 30 pessoas para fazer o mesmo em uma quinta-feira do mês passado.

No trabalho ao ar livre, Pontis usou um laptop com bateria capaz de durar algumas horas e levou um modem portátil, embora tenha encontrado sinal livre de wi-fi. E, para se proteger do sol, ficou em uma vaga onde havia sombra. 

 Victor Pontis e outras pessoas trabalhando em mesas ao ar livre em San Francisco, Califórnia
Victor Pontis e outras pessoas trabalhando em mesas ao ar livre em San Francisco, Califórnia - Reprodução/Twitter

As imagens das mesas no asfalto se espalharam nas redes sociais, e pessoas em outras cidades resolveram copiar a ideia, em lugares como Santa Mônica, na Califórnia, e Toulouse, na França. 

Outros interessados vieram procurá-lo, e ele criou um projeto, chamado WePark (em referência ao WeWork, uma das maiores redes de coworking). 

“Estamos nos organizando pelo Twitter, pelo site wepark.us e por um grupo no Slack”, disse Pontis à Folha. “Pessoas de outras cidades, como Nova York, Londres, Madri, Boston, Sacramento e Brisbane, estão planejando eventos”, disse. 

“O WePark não é um negócio e não pensamos em criar um agora”, afirma. A ideia é incentivar os governos a rever o uso das vagas nas ruas, especialmente em áreas nas quais moradias e escritórios custam caro. As cidades deveriam readaptar as vagas de estacionamento e usar esse espaço para negócios, como lojas, espaços de coworking, cafés, restaurantes etc.”, defende.

“Nosso foco está nas vagas de estacionamento em áreas centrais, onde o espaço é caro e frequentemente desperdiçado para estacionamento gratuito ou barato”, disse. “A melhora no transporte público e nas ciclovias vai permitir dar outros usos para essas vagas.”

Pontis trabalha no desenvolvimento de um app para facilitar a busca de patinetes e bicicletas de empréstimo e geralmente dá expediente a partir de casa, em cafés ou em bibliotecas. 

Ele planeja colocar a mesa na rua em outras ocasiões, mas não todos os dias. Apesar de alguns lugares terem vista agradável, o barulho e a poluição gerados pelos carros tiram parte do conforto.

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