Bolsas americanas têm maior recuo percentual desde janeiro

Temor ao aumento de tarifas para importações chinesas derruba índices em 2%

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São Paulo

A ofensiva americana para acelerar as negociações de um acordo comercial com a China segue movimentando o mercado. Nesta terça-feira (7), os principais índices americanos caíram cerca de 2%, maior queda percentual desde 3 de janeiro, quando o tombo das ações da Apple arrastou mercados globais.

A Bolsa brasileira chegou a cair 2% e o dólar bateu os R$ 4 no início desta terça. Ao longo do pregão, os índices desaceleraram.

O mercado segue sob estresse com o aumento de tarifas americanas sobre importações da China previsto para esta sexta (10). No domingo (5), o presidente Donald Trump anunciou que US$ 200 bilhões de bens chineses teriam a tarifa elevada de 10 para 25% nesta sexta (10). Outros US$ 325 bilhões, hoje isentos, também terão a taxa de 25%.

Está marcada para esta semana uma visita da comitiva chinesa em Washington, para finalizar as negociações. A declaração de Trump causou temores no mercado que considerou a possibilidade do encontro ser cancelado.

Durante o pregão desta segunda (6), o governo chinês confirmou a ida à Washington nesta quarta (8) e quinta (9), inclusive com a presença do vice-premiê Liu He, considerado pela chave nas negociações. A notícia aliviou as perdas do dia.

À noite, no entanto, mais uma negativa: o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, disse que o aumento de tarifas está mantido.

"Na semana passada, vimos uma erosão dos comprometimentos por parte da China", afirmou Lighthizer. Ele disse que os chineses recuaram em comprometimentos específicos, medidas que levariam a mudanças substanciais no texto do acordo. "Isso, na nossa visão, é inaceitável".

Lighthizer disse que os chineses recuaram em alguns dos compromissos obtidos nas conversas de semana passada e isso foi o que precipitou a declaração de Trump.

Para completar o cenário negativo, nesta terça, Richard Clarida, vice-presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano) afirmou que não vê razões para elevar ou cortar os juros. "A política monetária está em um bom lugar agora", afirmou.

Algumas autoridades, no entanto, expressaram recentemente preocupação com a inflação  americana persistentemente baixa e indicaram que cortes nos juros podem eventualmente ser necessários.

Porém, Clarida disse que há sinais de que a fraqueza recente da inflação foi impulsionada por fatores temporários e que, com o tempo, os preços se ajustarão à meta do Fed.

As afirmações de Lighthizer e Clarida derrubaram as principais Bolsas globais. Nos EUA, o índice Dow Jones recuou 1,79% e o S&P 500, 1,65%, maiores recuos desde a queda da Apple, quando os índices perderam 2,68% e 2,48%, respectivamente. O Nasdaq caiu 1,96%, maior queda desde 22 de março (-2,5%).

“Os mercados reverberam a possibilidade de aumento da inflação americana. Com o aumento dos tributos aos chineses, produtos ficam mais caros para o consumidor. Este aumento na inflação reduz a expectativa de uma queda na taxa de juros”, afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

As bolsas asiáticas, no entanto, recuperaram parte das perdas na véspera. Hong Kong fechou em alta de 0,52%. O índice CSI 300, que mede o desempenho dos papéis das bolsas de Shangai e Shenzen, subiu 0,98%. Já a Bolsa de Tóquio, que voltou a operar hoje após recesso desde 29 de abril, reagiu ao viés negativo do período e recuou 1,51%.

No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário do país, recuou 0,65%, a 94.388 pontos. O volume negociado foi de R$ 17 bilhões, acima da média diária para o ano.

O dólar chegou a bater os R$ 4 pela manhã, mas fechou em R$ 3,97, com valorização de 0,27%.

“Caímos bastante nestes dois dias. Saímos do patamar dos 97 para o 93 mil. O mercado segue indefinido até termos alguma definição sobre os tributos americanos e conforme o andamento da comissão especial ma Câmara”, diz Bandeira.

O mercado vê como positiva a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, na sessão desta quarta (7), pois pode acelerar a discussão da reforma da Previdência.

(Com agências de notícia)

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