Brasil lidera piora de indicador econômico da América Latina

Região recuou ao passar dos -9,1 pontos em janeiro para -21,1 pontos em abril

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São Paulo

O Brasil foi a maior influência negativa para derrubar índice que mede o clima econômico da América Latina, segundo dados elaborados pelo instituto alemão Ifo em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgados nesta quinta-feira (9). 

Publicado a cada três meses, o ICE (Indicador de Clima Econômico) mostrou que a piora do cenário econômico brasileiro na avaliação de especialistas ajudou a recuar o índice de toda a região. Em janeiro, o indicador da América Latina era de -9,1 pontos, enquanto em abril fechou em -21,1.

A pontuação é determinada pelo saldo de respostas positivas e negativas de analistas sobre o cenário econômico de cada país, sendo 100 o momento em que todos veem a situação como ótima, e -100, como péssima. No cálculo da região, as altas ou quedas são computadas e ponderadas de acordo com o PIB de cada economia.

O Brasil, além de ter tido a maior queda –abandonou os 3,6 pontos da última avaliação, recuando até -21,1–, também tem um peso importante na formação do indicador pelo tamanho do seu PIB. Os analistas levam em consideração tanto o momento atual como as expectativas para o futuro. Em abril, a retração do Brasil ocorreu nas duas frentes.

"Piorou tudo, mas o que piorou mais na situação atual foi o consumo. Já na expectativa para os próximos seis meses, o consumo volta a aparecer, mas ao lado dos investimentos", disse Lia Valls, pesquisadora do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV.

Nesta segunda o Banco Central divulgou que o mercado voltou a reduzir com força a expectativa de crescimento da economia brasileira neste ano, em meio à deterioração do cenário para a indústria.

O levantamento semanal apontou que a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 passou a 1,49%, de 1,70% no levantamento anterior, na décima semana seguida de piora da projeção.

Além do Brasil, outro país que ajudou a derrubar o índice da região foi o México, que caiu de -41,9 pontos e foi para -43,6.

Colômbia e Peru foram as únicas economias da região a terem uma melhora no período. Enquanto a primeira saiu de 8,8 pontos e foi para 16,5, a segunda foi de 5,5 pontos para 35,5.

A queda da região ocorre após duas altas consecutivas. Vale lembrar que em janeiro o índice da América Latina chegou a ficar acima do ICE do mundo, quebrando uma tendência iniciada em abril de 2013. No início do ano o indicador do Brasil subiu de -33,9 pontos para 3,6.

"A melhora que tivemos em janeiro veio pela maior expectativa porque a avaliação da situação atual continuava negativa. Foi o novo governo. Em geral as expectativas num primeiro momento são positivas, se observar a Argentina foi a mesma coisa", afirmou Valls.

Para a pesquisadora, a mudança no humor dos analistas tem relação com o fato das reformas prometidas pelo governo ainda não terem sido aprovadas e também pelos indicadores econômicos não apontarem um horizonte melhor.

"Tem a ver com [o fato de] ainda não ter feito as reformas. Os indicadores que têm saído de avaliação do nível de atividade e nível de emprego não estão melhorando muito, então [o ICE] reflete esse quadro", acrescentou.

Após uma piora no começo do ano, as economias da Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos tiveram uma recuperação no índice de abril. O Japão, contudo, ficou de fora do grupo e continuou em queda, de -18,9 pontos para -27,5.

Já nos Brics, apenas o Brasil e a África do Sul registraram recuo. Índia, China e Rúsia tiveram alta, apesar destes dois últimos ainda terem pontuações negativas.

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