Cartão Caminhoneiro será 'produto de mercado', diz presidente da BR

Objetivo é permitir pré-compra de diesel por caminhoneiros, que terão até 90 dias para usar o crédito, sem reajuste do período

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Rio de Janeiro

O presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, disse nesta terça (7) que o Cartão Caminhoneiro, anunciado pela Petrobras em meio à crescente insatisfação dos transportadores no início do ano, terá que ser "um produto de mercado". Segundo ele, a empresa se prepara para anunciar em breve o novo produto.

A ideia inicial é permitir que os caminhoneiros comprem determinado volume de óleo diesel e possam abastecer em até 90 dias pelo mesmo preço pago na compra. Para o governo, o produto garante maior previsibilidade na negociação de viagens pelo país.

"É produto de mercado, que tem competitividade implícita. Temos bastante certeza que vamos apresentar em breve uma proposta", disse Grisolia, em teleconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 477 milhões que a distribuidora registrou no primeiro trimestre.

O anúncio do Cartão Caminhoneiro, feito primeiro pela Petrobras e depois pelo presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais, gerou temores de intervenção política na gestão da estatal. O produto foi anunciado ao mesmo tempo que a periodicidade mínima de 15 dias para reajustes no preço do diesel.

Naquele momento, uma série de rumores sobre nova paralisação dos caminhoneiros levou o governo a adotar medidas como a concessão de financiamento para caminhoneiros e o fim dos radares em rodovias federais. No início de abril, após telefonema de Bolsonaro, a Petrobras suspendeu reajuste de 5,7% no preço do diesel.

Aos analistas, o presidente da BR disse nesta terça que a companhia ainda avalia como será o funcionamento do cartão. Segundo ele, desde a greve que paralisou o país por duas semanas no fim de maio de 2018, o setor de combustíveis ficou "sensível" a demandas do setor.

"Desde a greve dos caminhoneiros, todos nós brasileiros ficamos sensíveis com relação a combustíveis e nós distribuidores de combustíveis ficamos sensíveis também. Temos a obrigação de explicar aos consumidores qual o nosso papel", afirmou.

A modelagem do cartão foi uma das principais preocupações dos analistas durante a teleconferência. Grisolia, porém, evitou antecipar detalhes. Ele acredita, porém, que a solução pode ser seguida por seus concorrentes. A BR é hoje a maior distribuidora de combustíveis do país.

A Petrobras estuda reduzir sua participação na BR, o que pode ser feito por nova oferta de ações no mercado. No fim de 2017, a estatal arrecadou R$ 5 bilhões com a transferência de 18,75% do capital da subsidiária a investidores privados.

Antes de assumir a BR, Grisolia era diretor financeiro da Petrobras. Em entrevista há três semanas, ele disse que o objetivo da estatal era reduzir sua fatia a menos de 50%. Nesta terça, ele não citou números, alegando que o processo ainda está em estudo.

Mas defendeu que o controle estatal impõe amarras à BR, citando especificamente o esforço para redução de despesas de vendas, gerais e administrativas, um dos principais focos de sua gestão.

O lucro da BR no primeiro trimestre foi 93% maior do que o verificado no mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo pagamento de dívidas de distribuidoras que eram controladas pela Eletrobras, item que contribuiu com R$ 181 milhões para o resultado final.

Grisolia disse que, como todas as distribuidoras de combustíveis do país, a BR terá que avaliar as oportunidades geradas pela venda de oito refinarias da Petrobras, anunciada no fim de abril. "É claro que um distribuidor tem o dever de olhar", comentou, ao ser perguntado sobre o tema. 

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