Descrição de chapéu Financial Times

Dona da Budweiser quer cerveja para mulheres e 'cafeteira' de coquetéis

Companhia busca alternativas para reconquistar consumidores perdidos

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Alistair Gray Leila Abboud
Nova York e Londres | Financial Times

A Anheuser-Busch, fabricante das cervejas Budweiser, tem outros produtos na mira, entre os quais coquetéis para preparo caseiro e marcas de cerveja artesanal para mulheres. As medidas vêm após dados setoriais registrarem a maior queda em sete anos no volume de vendas de cerveja na América do Norte.

Michael Doukeris, responsável pelas operações norte-americanas da AB InBev –que comanda a Anheuser-Busch–, a maior fabricante mundial de cerveja, delineou como planeja reconquistar os consumidores perdidos, agora que os americanos estão trocando o consumo de cerveja pelo de vinhos e bebidas destiladas.

Máquina de drinks
A Anheuser-Busch quer investir em coquetéis para preparo caseiro, em máquinas semelhantes a cafeteiras - Drinkworks

A Anheuser-Busch produz algumas das marcas de cerveja mais conhecidas dos Estados Unidos, entre as quais Bud Light e Goose Island.

As explicações para a queda na popularidade da cerveja variam, dos consumidores mais preocupados com saúde e desejosos de evitar barrigas de cerveja ao avanço da mídia social, que desencoraja a embriaguez entre os jovens.

Os esforços da Anheuser-Busch para lidar com as mudanças nas preferências dos consumidores incluem a Drinkworks, joint venture com a Keurig Dr Pepper que Doukeris descreveu como "talvez a maior oportunidade" para a empresa fora do ramo da cerveja. O produto, parecido com uma cafeteira elétrica, já está disponível no Missouri e vai ser lançado na Flórida, e permite que consumidores façam coquetéis em casa, de margaritas a mojitos.

Doukeris disse que "a megatendência que o Drinkworks busca seguir é a da conveniência. Basta apertar um botão e a pessoa terá um coquetel de qualidade inacreditável".

Ele defendeu o preço de venda do equipamento, que custa US$ 399 (R$ 1.584). As cápsulas de reabastecimento custam US$ 4 (R$ 15,90).

"Em Manhattan, por exemplo, um coquetel decente custa de US$ 12 [R$ 47] a US$ 24 [R$ 95]".

Mulheres e hispânicos

Na cerveja, Doukeris disse que a Anheuser-Busch ainda pode melhorar sua receita apesar do declínio do volume de vendas no setor, em parte porque a empresa vem promovendo produtos mais caros como a Michelob Ultra, divulgada como cerveja de baixo teor calórico.

"Vamos recapturar os consumidores, e se possível reverter a tendência quanto ao volume de vendas", disse.

Ele afirmou que a empresa, sediada em St. Louis, tem a oportunidade de vender mais cervejas artesanais para mulheres e para consumidores hispânicos ao lançar novos sabores.

As ofertas voltadas às mulheres incluem uma bebida que combina maracujá e lichia, produzida pela Wicked Weed, divisão de cerveja artesanal da companhia.

Outros produtos que a Anheuser-Busch está promovendo incluem o Naturdays, mistura de cerveja com limonada rosada, e coquetéis enlatados para consumo imediato produzidos pela Cutwater, empresa de San Diego adquirida pelo grupo este ano.

A AB InBev, que na virada do ano tinha dívidas de US$ 102,5 bilhões, geradas pela sua tomada de controle da SABMiller por 79 bilhões de libras em 2016, sofreu uma queda em seu volume anual de vendas nos Estados Unidos, seu maior mercado. A receita subiu em 1,6% no primeiro trimestre deste ano nos Estados Unidos, ante uma queda de 0,7% no período em 2018.

Menos cerveja

No setor como um todo, o volume de vendas de cerveja caiu em 1,6% no ano de 2018, ante 2017, de acordo com a IWSR, que analisa o mercado de bebida. O declínio, que se acelerou ante a queda anual de 1% registrada em 2017 e a queda de 0,2% no ano anterior, contribuiu para a redução de 1,6% no consumo mundial de álcool.

O volume mundial de vendas de cerveja caiu em 2,2%, puxado pela queda de 13% na China. México e Alemanha se sustentaram melhor, mostram os dados do IWSR, com altas de 6,6% e 1%, respectivamente.

Em contraste, o volume mundial de vendas de gim subiu em 8,3% --o que inclui uma alta de 33% no Reino Unido. Outras bebidas destiladas também tiveram desempenho forte, entre as quais o uísque, com alta de 7%; e bebidas mistas, incluindo misturas para coquetéis, com alta de 5%.

Em recente apresentação a investidores em Nova York, a AB InBev estabeleceu a meta de elevar suas receitas com outros produtos que não a cerveja a US$ 1 bilhão nos Estados Unidos. A AB InBev, que registrou receita mundial de US$ 54,6 bilhões, não ofereceu um prazo para o cumprimento da meta.

Simon Hales, analista do Citigroup, apontou para a falta de dados financeiros e previsões sólidos, mas se disse encorajado por a companhia, segundo ele, estar mais bem preparada para vencer onde há crescimento.

A Anheuser-Busch foi adquirida pela InBev, da Bélgica, por US$ 52 bilhões, em 2008, e tem entre seus investidores principais os bilionários brasileiros do grupo de investimento 3G Capital, cujos interesses incluem também o Burger King e a Kraft Heinz.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci
 

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