Após três quedas consecutivas, a Bolsa brasileira teve uma semana de ganhos. Mesmo com agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o índice subiu 4,12% na semana, em recuperação do tombo no período anterior. O dólar, que terminou cotado a R$ 4,10 na sexta-feira passada (17), fechou a R$ 4,017 nesta sexta (24), queda de 0,76%.
A defesa da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados aliviou a preocupação de investidores quanto à aprovação do projeto e impulsionou a Bolsa brasileira na semana. A perspectiva de corte de juros também aliviou o mercado. No mês, a queda do índice é de 2,83%, a pior do ano.
“A semana passada foi de preocupações agudas com capacidade de articulação do presidente quanto a reforma, mas o Rodrigo Maia e o próprio Paulo Guedes conseguiram encantar o mercado e, surpreendentemente, andamos na contramão em relação ao mundo”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.
No exterior, a semana foi de fortes quedas dos principais índices globais. Nesta sexta, os pregões foram de ajustes de preço e certo alívio com declaração de Donald Trump. O presidente americano declarou, na noite de quinta (23), que um acordo com a China vai "acontecer rápido".
A Bolsa de Hong Kong subiu 0,32% e o índice CSI 300, que reúne as Bolsas de Shangai e Shenzhen, teve 0,28% de ganhos. A Bolsa do Japão teve leve recuo de 0,16%.
Londres e Paris subiram 0,65% e Frankfurt, 0,5%. O índice americano Dow Jones teve 0,37% de ganhos. S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,1%.
O Ibovespa recuou de 0,3%, mas manteve os 93 mil pontos. A baixa do maior índice acionário do país foi impulsionada pela fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, à revista Veja, na qual ele ameaça deixar o cargo caso a reforma da Previdência aprovada seja pequena e de baixa economia.
O giro financeiro foi de R$ 11,8 bilhões, abaixo da média diária de R$ 16 bilhões para o ano.
A alta de 1% das ações da Vale, a R$ 48,31, amenizou a queda do índice. O minério de ferro na China subiu 2,96% nesta sexta. Também corroborou as notícias de que Bofa Merrill Lynch elevou a recomendação das ações da mineradora listadas nos EUA para "compra" e da construção de uma siderúrgica de R$ 1,5 bilhão em Marabá (PA).
O dólar acumulou desvalorização de 2% na semana, frente a alta de 4% na semana anterior. O recuo foi impulsionado, em parte, pelos leilões de linha do Banco Central que somaram venda com compromisso de recompra de US$ 3,75 bilhões.
Com índices econômicos desanimadores e cortes na projeção do PIB, economistas apostam em uma redução da taxa Selic, que esta a 6,5% no momento, ainda este ano.
“O Banco Central ter vai ter que cortar o juro para acelerar a economia. Mas eu acho que não deveria, pois não vai surtir efeito”, diz Perfeito. O economista projeta que a taxa vai encerrar o ano a 5,75%.
"A expectativa do resultado negativo do PIB no primeiro trimestre torna evidente a necessidade de corte adicional na taxa Selic. Esperamos que o Banco Central anuncie dois cortes de 0,25% no segundo semestre, de modo que a taxa encerre o ano em 6%. Em que pese o fato, tal redução da Selic não terá impacto relevante na atividade ainda este ano. A queda dos juros, caso repassada pelo sistema bancário, pode ajudar empresas a se refinanciarem e melhorarem seus balanços, ajudando na recuperação de alguma confiança, independente do resultado da reforma da Previdência", afirma José Francisco de Lima, do Banco Fator, em relatório.
(Com Reuters)
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