Renault e dona da Fiat devem anunciar acordo que criaria 3ª maior empresa do setor

Sócios de parceria já existente com Renault, Nissan e Mitsubishi não participaram das tratativas

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São Paulo, Paris e Milão

Os grupos Renault e a Fiat Chrysler (FCA) deverão anunciar na próxima segunda-feira (27) o resultado das conversas entre os dois conglomerados para uma eventual fusão, segundo o jornal americano Wall Street Journal.

Se concretizada, a união das dias empresas criaria a terceira maior montadora do mundo, atrás de Volkswagen e Toyota.

Combinadas, Fiat Chrysler e Renault teriam valor de mercado de aproximadamente US$ 36 bilhões (o equivalente a R$ 144,8 bilhões).

Logotipos da Fiat e da Renault; união de montadoras criaria gigante do setor - Marco Bertorello e Loic Venance/AFP

Entre as possibilidades de aliança está uma fusão em que ambas as companhias teriam igual participação. Uma alternativa seria a troca de ações entre as montadoras como um acordo inicial que pavimentaria o caminho para uma união posterior.

Os negócios entre os dois grupos envolveriam mais que a criação de uma joint venture. O acordo deverá incluir a cooperação na área de tecnologia para veículos elétricos, plataformas de manufatura e conectividade.

O anúncio desta segunda deverá será feito antes da abertura das Bolsas. Na mesma data, haverá uma reunião do conselho de administração da companhia francesa.

Procuradas pela Folha, a FCA disse que não comentaria o assunto e a Renault, que não teria informações sobre o possível acordo.

Segundo a Reuters, membros do conselho de administração da Renault vão se reunir informalmente dentro de alguns dias, com o objetivo de decidir no início da próxima semana se avançarão nas negociações sobre a fusão proposta.

As conversas entre os conglomerados teriam começado quando a Renault estava sob comando do executivo Carlos  Ghosn, acusado de má conduta financeira e corrupção por suposta tentativa de enriquecimento às custas da Nissan, com quem o grupo francês já tem uma aliança —que inclui ainda a Mitsubishi.

O atual presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, reuniu-se com o ministro francês Bruno Le Maire na última sexta-feira (24) para apresentar o plano para a aquisição. O governo francês detém 15% da companhia e não se opõe ao negócio.

Nissan e Mitsubishi não participaram das tratativas com a FCA. A francesa chegou a pedir a um banco que a assessora que apresentasse à Nissan um plano para a criação de uma holding que combinaria as duas parceiras, mas os japoneses resistem a tentativas de aprofundar a parceria.

O acordo Renault-FCA poderia mudar o equilíbrio de poder no grupo franco-japonês. Juntas, Renault, Nissan e Mitsubishi lideram as vendas no mundo, com quase 10,8 milhões de carros comercializados no ano passado (VW e Toyota venderam cerca de 10,6 milhões cada).

Só a Renault vendeu em 2018 cerca de 3,9 milhões de veículos. A Nissan, 5,65 milhões, e a Mitsubishi, 1,22 milhão.

A Fiat Chrysler, que hoje ocupa a 8ª posição em número de unidades vendidas, possui 13 marcas (entre elas, Jeep, Alfa Romeo, Dodge e Ram). Comercializou 4,8 milhões de veículos no ano passado.

O grupo ítalo-americano tem atravessado dificuldades na Europa, em parte devido a seu atraso no desenvolvimento de veículos “limpos”.

Recentemente, o presidente da FCA, John Elkann, membro do clã Agnelli, controlador do grupo, afirmou que a família estaria preparada para tomar “decisões ousadas e criativas” para ajudar a construir um futuro sólido e atrativo para a companhia.

Uma união com a Renault permitiria aos dois grupos uma redução de custos, principalmente na Europa, por meio do compartilhamento de investimentos.

Quase um terço da mão de obra global da Fiat, de 198,5 mil pessoas, estava localizada no continente no fim de 2018, segundo a Bloomberg, embora quase todo o seu lucro viesse da América do Norte, região onde a Renault não opera.

Já a francesa conta com a Europa para quase a metade de suas vendas globais.

Em março, a francesa PSA (dona de Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall) já havia manifestado seu interesse em pela FCA, grupo com o qual já tem uma joint venture.

Outras montadoras também negociam acordos, como os entre Volkswagen e Ford e entre BMW e Daimler, para carros autônomos e veículos compartilhados.

Os grandes grupos do setor têm buscado parcerias e comprar concorrentes como estratégia na corrida para o desenvolvimento de tecnologias como carros autônomos e veículos elétricos, entre outras.

 

FCA

Fábricas: 102
Carros e picapes: Alfa Romeo, Fiat, Lancia e Maserati (Itália); Chrysler, Dodge, Jeep e RAM (EUA)
Veículos de carga/vans: Fiat Professional
Motores: VM Motori
Versões especiais e acessórios: Abarth e Mopar
4,8 milhões
de veículos vendidos em 2018

Renault Group

Fábricas: 39
Carros e picapes: Renault e Alpine (França); Dacia (Romênia); Samsung (Coreia do Sul); Lada (Rússia)
3,9 milhões
de veículos vendidos em 2018 

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