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Autoridades regulatórias ampliam cerco à moeda virtual do Facebook

Órgãos exigem que libra seja submetida a escrutínio rigoroso e apontam riscos para finanças mundiais

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Kiran Stacey Caroline Binham
Washington e Londres | Financial Times

As esperanças do Facebook de lançar uma nova moeda virtual sofreram novo revés, quando mais dois órgãos de regulação anunciaram estar prestando muita atenção aos planos da companhia de mídia social.

Tanto o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) quanto a Autoridade de Conduta Financeira (FCA) do Reino Unido anunciaram nesta terça (25) que não permitirão que a maior rede social do planeta lance a moeda digital que planeja sem escrutínio muito rigoroso.

O Facebook espera desordenar o mercado de pagamentos com sua moeda virtual, libra, que a empresa promete resultará em transações instantâneas e quase gratuitas.

Facebook espera desordenar o mercado de pagamentos com sua moeda virtual, libra
Facebook espera desordenar o mercado de pagamentos com sua moeda virtual, libra - Valentin Flauraud - 16.mai.2012/Reuters

A companhia está colaborando com outras empresas de internet e de serviços de pagamentos, entre as quais Uber, Lyft, Visa e Mastercard.

Os executivos esperavam que a empresa pudesse operar sem a forma severa de regulamentação internacional aplicada aos bancos e a outras empresas de pagamentos. Mas FSB e FCA agora se uniram ao Banco da Inglaterra e ao G7 (Grupo dos 7) e disseram que isso não acontecerá.

Em carta aos líderes do G20 (Grupo dos 20) antes de sua conferência de cúpula em Osaka, Japão, no próximo fim de semana, Randal Quarles, presidente do FSB --que monitora o sistema financeiro mundial no âmbito do G20-- e vice-presidente de fiscalização de bancos no Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), alertou sobre os possíveis riscos oferecidos por moedas digitais que venham a ganhar circulação ampla.

"Ainda que os criptoativos no momento não representem risco para a estabilidade financeira mundial, podem surgir brechas nos casos em que não estejam sujeitos às autoridades regulatórias, ou nos casos em que não existam padrões internacionais", afirmou Quarles.

"Um uso mais amplo de novos tipos de criptoativos para fins de pagamento no varejo deve ser esquadrinhado de mais perto pelas autoridades, para garantir que estejam sujeitos a padrões elevados de regulamentação."

Ao mesmo tempo, Andrew Bailey, o presidente da FCA, confirmou que sua organização está trabalhando com o Tesouro britânico e o Banco da Inglaterra para averiguar os planos do Facebook.

"Teremos de nos engajar no plano nacional e internacional, com o Facebook e essa outra organização [libra]. Eles não vão conseguir autorização sem esforço", disse Bailey ao comitê seleto do Tesouro, no Parlamento britânico.

p(inter). Criptomoeda deve ser nova mina de ouro para a rede social

Nova York | Bloomberg"Os planos do Facebook para sua criptomoeda podem mudar setores econômicos inteiros. Mas um resultado mais provável seria que a tecnologia transforme os negócios do próprio gigante da mídia social.

O Facebook obtém a maior parte de sua receita da publicidade, mas o presidente-executivo da companhia, Mark Zuckerberg, afirma que o futuro está nas mensagens privadas.

"A libra poderia introduzir um produto novo e importante e nova fonte de receita para o Facebook," escreveu Mark May, analista do Citigroup.

O Facebook tem mais de 1,5 bilhão de usuários nos serviços de mensagem Messenger e WhatsApp, mas praticamente não fatura com eles.

Quando revelou seus planos para a libra, a companhia também anunciou que incluiria novos serviços digitais de pagamento nesses apps, para que os usuários possam usar a criptomoeda a fim de enviar dinheiro a amigos e empresas em todo o mundo.

Se o plano funcionar, o WhatsApp e o Messenger se tornarão novos polos de pagamentos e comércio que receberão comissões modestas mas lucrativas sobre as transações que intermedeiam, de acordo com May e outros analistas.

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