Descrição de chapéu Financial Times

Bitcoin dispara para mais de US$ 13 mil, com ajuda do 'Facebank'

Valor da criptomoeda subiu por oito sessões consecutivas

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Hong Kong | Financial Times

A cotação do bitcoin subiu ao seu valor mais elevado em 18 meses, e a alta frenética do ativo digital está evocando lembranças do último ciclo de expansão e contração da moeda virtual.

Nos mercados asiáticos, quarta-feira, o bitcoin estava sendo negociado com alta de quase 10% na bolsa Bitstamp, e uma nova onda de interesse nos mercados dos Estados Unidos levou a cotação da criptomoeda acima dos US$ 13 mil pela primeira vez este ano.

Na metade da tarde, o bitcoin mostrava alta de 18% no dia, em Nova York, e estava cotado a US$ 13.551. O valor do bitcoin chegou à sua oitava sessão consecutiva de alta, o que conduziu seu retorno geral em 2019 a mais de 250% —mais de 12 vezes o retorno da moeda ou commodity que ocupa o segundo posto em termos de retornos, o paládio.

Cotação do bitcoin subiu ao seu valor mais elevado em 18 meses. - Dado Ruvic-29.nov.2017/Reuters

Boa parte desses ganhos ocorreu nas últimas oito semanas. Do começo de maio para cá, o valor do bitcoin mais que dobrou. A euforia que cerca a moeda começa a arrastar outras moedas digitais em sua esteira. O ethereum, a segunda maior das criptomoedas, registrou alta de 13% na quarta-feira, de acordo com a Coindesk, que acompanha os indicadores das moedas virtuais, o que eleva seu avanço anual a 150%.

Os analistas afirmam que o entusiasmo pelas moedas virtuais vem sendo alimentado por uma confluência de fatores. Entre os mais importantes está a incursão do Facebook ao mundo das moedas virtuais, com o lançamento de uma criptomoeda chamada libra, em um ataque do das grandes empresas de tecnologia ao setor de serviços de pagamentos.

Os analistas em geral acreditam que a libra possa ajudar as criptomoedas em geral a conquistar mais aceitação comercial, tanto como meio de pagamento quanto como forma de armazenar riqueza.

"A adoção é evidentemente crucial, nesse espaço, e portanto as notícias sobre o Facebook estão... sendo encaradas positivamente", disse Craig Erlam, analista sênior de mercado da Oanda. Erlam acrescentou que o bitcoin luta por conquistar legitimidade entre os operadores desde o estouro da mais recente bolha das criptomoedas, no final de 2017, que levou o bitcoin a cair em mais de 80% ante seu pico de cotação de mais de US$ 19 mil.

Mas os analistas acautelam que os operadores estão ignorando diferenças cruciais entre a libra e as moedas digitais mais estabelecidas, como o bitcoin. "A libra é lastreada por uma reserva de ativos reais - como depósitos bancários e títulos públicos. Isso lhe dá valor intrínseco", disse Margaret Yang, analista da CMC Markets. Yang aponta que, em teoria, isso deveria garantir alguma estabilidade de preço.

Muitas das outras grandes criptomoedas, especialmente o bitcoin, são "lastreadas por nada". A demanda por criptomoedas também vem sendo alimentada por uma recente virada na política monetária dos maiores bancos centrais do planeta, que adotaram linha mais branda, dizem analistas.

Tanto o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, quando o Banco Central Europeu (BCE) deram a entender claramente que adotarão um relaxamento monetário nos próximos meses, diante de sinais crescentes de que a economia mundial está esfriando.

Enquanto isso, o valor cumulativo dos títulos de rendimento negativo chegou ao recorde mundial de US$ 13 trilhões, o que torna relativamente mais atraentes os ativos para os quais não existe rendimento, como o ouro, cujo preço subiu para mais de US$ 1,4 mil por onça troy esta semana.

Ao contrário das moedas nacionais, a oferta de novos bitcoins não está sob o controle de qualquer banco central, e o montante em circulação é fixo, o que oferece valor de escassez à moeda virtual em períodos de expansão monetária.

As criptomoedas são por natureza mais escassas que as moedas tradicionais, especialmente em uma era de política monetária frouxa, disse Yang.

As inquietações geopolíticas e políticas mundiais podem estar influenciando a alta da demanda. Os últimos dias viram um avanço da tensão entre os Estados Unidos e o Irã, e dois milhões de manifestantes saíram às ruas em Hong Kong no começo deste mês exigindo a retirada de um projeto de lei de extradição.

"O bitcoin é independente dos governos e instituições financeiras e, quanto mais a confiança se erode, maior a demanda por bitcoins", disse Mati Greenspan, analista sênior de mercado da eToro, uma corretora sediada em Tel Aviv. Ele apontou que o preço local do bitcoin havia subido recentemente nos polos de tumulto político, entre os quais Hong Kong e Teerã.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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