Com o menor número de prêmios em sete anos, a publicidade brasileira chamou mais a atenção no Cannes Lions pelas produções voltadas à cultura negra e urbana no país, em formatos não tradicionais.
O próprio festival francês de publicidade, renomeado como Festival Internacional de Criatividade, diminuiu o número de premiações nesta edição, de 1.186 para 933, sendo 85 distribuídos para representantes brasileiros.
Foram dois Grand Prix, grandes prêmios, ambos para a agência AKQA, um na categoria mídia para Air Max Graffiti Stories, campanha da Nike, e outro na categoria entretenimento para Bluesman, vídeo do rapper Baco Exu do Blues.
E um dos leões de ouro do país foi para o projeto Black Box, da J. Walter Thompson para a Faculdade Zumbi dos Palmares, contando a história de cientistas, médicos e outros profissionais negros brasileiros esquecidos pela história.
Segundo a agência, parte da equipe que produziu Black Box veio de seu Programa 20/20 de Equidade Racial, o primeiro do gênero na publicidade do país. O livro de 200 páginas mobilizou historiadores, jornalistas e ativistas.
Para Regina Augusto, diretora de PR & Influence da Ogilvy e especialista no mercado brasileiro, os troféus refletem a mudança do evento nos últimos dois anos, passando a privilegiar "qualidade em vez de quantidade".
Como resultado, "têm sido premiadas as ideias com repercussão social ou que reflitam a cultura". No ano passado, na esteira do movimento #metoo, a atenção maior foi para o feminismo. Neste ano, diversidade étnica.
"Esses 'cases' mostram agora que, também no Brasil, para marcas e para o mercado publicitário de maneira geral, isso começa finalmente a fazer parte da pauta", afirma Augusto.
No final dos cinco dias de festival, na sexta (21), o país contou os dois GPs, sete leões de ouro, 22 de prata e 54 de bronze. As agências mais premiadas foram AKQA, David, Wieden+Kennedy, Grey e Africa.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.