Contra críticas, prisão onde Ghosn ficou abre suas portas; veja fotos

Local tem capacidade para 3.010 detentos, mas abriga atualmente 1.758

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Tóquio (Japão) | AFP

O centro penitenciário de Tóquio no distrito de Kosuge, famoso pelo caso Ghosn, abriu suas portas nesta segunda-feira (10) a jornalistas estrangeiros na esperança de silenciar as críticas às condições de vida em seu interior.

Uma prisão sem grades nas janelas, de chão brilhando, paredes imaculadas, celas limpas e equipamentos médicos modernos: é aí que o magnata do automóvel Carlos Ghosn, suspeito de má conduta financeira passou mais de 120 dias no total.

A prisão neste centro do ex-chefe da aliança Renault-Nissan provocou uma explosão de críticas sobre as rígidas regras penitenciárias em vigor no Japão e sobre seu sistema judiciário, "em que um suspeito pode permanecer detido indefinidamente à espera de uma confissão.

"Achamos que as condições de detenção são boas", diz o diretor da penitenciária, Shigeru Takenaka.

Este local cinzento, concluído em 2012, tem capacidade para 3.010 detentos, mas abriga atualmente 1.758. 

Seu número (2.211 em 2008) diminuiu para se estabilizar desde 2013 nesse nível, explica Takenaka.

Higiene e nutrição

O conjunto é composto por um edifício principal, em forma de cruz, e vários edifícios ao redor, num terreno de mais de 150.000 m².

A disciplina é total. Se não fossem por guardas uniformizados e alguns outros indícios, o local, sem fechaduras nas portas ao longo dos corredores sem alma, mais se parece a um hospital do que a uma prisão povoada por 90% de homens, de cerca de 40 nacionalidades.

Os prisioneiros seguem regras rígidas, aplicadas por mais de 800 funcionários. A higiene parece impecável: não há sujeira ou odor.

"Os cardápios são preparados por nutricionistas. São equilibrados", acrescenta o diretor, apresentando bandejas de amostra. Ao redor da tigela de arroz central, há um prato principal com alguns vegetais e peixe ou carne, e uma sopa, três vezes ao dia.

No entanto, a quantidade pode parecer justa para pessoas no auge da vida (84% dos ocupantes têm entre 20 e 59 anos).

"Aqueles mais corpulentos ou que trabalham têm direito a porções maiores", insiste Takenaka, para quem as críticas estrangeiras sobre a alimentação parecem difíceis de entender.

Os prisioneiros ou seus visitantes podem comprar guloseimas, revistas e alguns outros itens em uma pequena mercearia dentro do prédio.

Equilíbrio inteligente

Não há violência, segundo ele, com poucas disputas entre internos, mesmo entre aqueles que ocupam as 200 celas coletivas (22,5 m² para 6), menos numerosas que as 1.800 celas individuais (6,5 m² mais espaçosas e com cama de solteiro em vez de um futon).

Estes espaços pequenos mas bem conservados, com chão coberto de tatames, têm uma ou duas janelas. Têm vista para uma passarela sob uma claraboia. Não há grades, mas a visão externa é limitada a uma parede de concreto.

Uma privada, uma pia, uma prateleira, um futon para dormir e uma pequena mesa ocupam o espaço. "Tudo é projetado para evitar tentativas de suicídio. Por exemplo, a prateleira montada na parede é curvada para que não haja a possibilidade de pendurar algo, as torneiras da pia foram substituídas por botões", diz Takenaka.

A área do chuveiro, longe das celas e que os detentos podem usar alternadamente duas ou três vezes por semana, se assemelha a de um hotel japonês comum, com chuveiro e uma banheira. Lá também não há sujeira aparente.

Celas praticamente ao ar livre permitem que os presos façam cerca de 30 minutos de exercício por dia, se assim o desejarem.

Nove médicos e enfermeiras se revezam 24 horas por dia, beneficiando-se de equipamentos de última geração que parecem novos em folha.

Mas para Takenaka, que não comenta os aspectos psicológicos, no plano físico, viver na prisão é provavelmente pior do que em outro lugar e as regras impostas em Kosuge levam em conta um equilíbrio inteligente: "devemos ser bons, mas não muito para que as condições de vida neste centro de detenção não sejam melhores que as de pessoas que vivem fora com mínimos sociais, caso contrário, vozes se levantariam para protestar", ressalta o diretor.

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