Criptomoeda do Facebook pode tirar controle dos BCs, diz cofundador da rede

Em artigo, Chris Hughes afirma que corporações à frente a nova moeda colocarão interesses privados em primeiro lugar

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Reuters

A criptomoeda libra, do Facebook, entregaria grande parte do controle da política monetária de bancos centrais para empresas, disse o cofundador da empresa, Chris Hughes em artigo no jornal "Financial Times" desta sexta-feira (21).

"Se os reguladores globais não agirem agora, em breve poderá ser tarde demais", disse Hughes.

Hughes também disse que as corporações à frente da nova moeda colocarão interesses privados à frente de interesses públicos.

O Facebook não respondeu imediatamente a um pedido da agência Reuters para comentar.

Hughes, um ex-colega do presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, já havia pedido desmembramento da rede social em artigo no jornal "The New York Times" em maio. O Facebook, então, rejeitou o pedido de Hughes para dividir a empresa em três.

A empresa tem estado sob escrutínio de reguladores em todo o mundo sobre suas práticas de compartilhamento de dados, bem como discurso de ódio e desinformação em suas redes. 

Legisladores dos Estados Unidos pressionaram para desmembrar grandes empresas de tecnologia, bem como a regulamentação federal sobre privacidade.

Calibra, carteira virtual da Libra, criptomoeda do Facebook
Calibra, carteira virtual da Libra, criptomoeda do Facebook - Divulgação/Facebook

A França está criando uma força-tarefa do G7 (grupo de países mais ricos do mundo) para estudar como bancos centrais vão garantir que criptomoedas como a libra serão regidas por leis que vão desde a lavagem de dinheiro até regras de proteção ao consumidor, afirmou François Villeroy de Galhau, presidente do Banco Central francês.

Segundo ele, a força-tarefa terá comando de Benoit Coeure, do conselho do Banco Central Europeu.

A França, que detém a presidência rotativa do G7, disse que não se opõe ao fato de o Facebook criar um instrumento para transações financeiras. Mas se opõe veementemente a que o instrumento se torne uma moeda soberana.

"Queremos combinar estar abertos à inovação com firmeza na regulamentação. Isso é do interesse de todos", disse Villeroy a autoridades do setor financeiro.

O conceito de criptomoeda estável ainda precisa ser definido, disse Villeroy. Em particular, contra o que tais instrumentos sejam estáveis e como suas taxas de câmbio precisam ser determinadas.

Villeroy também pediu uma rede de autoridades nacionais contra o a lavagem de dinheiro, coordenada pela Autoridade Bancária Europeia, para levar a cabo medidas de emergência e até mesmo substituir as autoridades nacionais, em vez de criar uma agência europeia especializada.

Vários funcionários do BCE, incluindo Coeure, argumentaram a favor da criação de uma agência desse tipo nos últimos meses.

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