Descrição de chapéu Financial Times

Foxconn diz estar apta a tirar produção da China, se necessário

Guerra comercial entre Pequim e Washington pode transferir produção de eletrônicos

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Kathrin Hille
Financial Times

A Foxconn informou a empresas preocupadas com a guerra comercial entre Pequim e Washington que pode transferir rapidamente para fora da China a produção de eletrônicos destinados ao mercado americano, acrescentando que sua nova fábrica no Wisconsin começará a produzir no final do ano que vem.

A Foxconn informou que 25% de sua capacidade total de produção está localizada fora da China, e Liu Youg-way, membro do comitê de gestão que a empresa acaba de formar, anunciou que isso poderia ajudar a Apple, por exemplo, a transferir a produção do iPhone para fora da China, se necessário. Mas ele apontou que a Apple ainda não solicitou uma mudança.

A situação para a economia e indústria mundial "parece cada vez mais sombria, e a situação é imprevisível", disse Liu.

 

A Foxconn vai iniciar a produção em massa de telas, componentes eletrônicos para carros e servidores para o mercado dos Estados Unidos, em sua nova fábrica no Wisconsin no final do ano que vem, disse Liu, e planeja investir US$ 1,5 bilhão e criar até dois mil empregos na nova fábrica até o final de 2020.

Na primeira conferência com investidores que a Foxconn promoveu em seus 45 anos de história, a maior fabricante mundial de eletrônicos e maior montadora do Apple iPhone revelou uma nova estrutura administrativa adotada para cobrir o afastamento do fundador da companhia, Terry Gou, que vai disputar a presidência de Taiwan.

Gou deve deixar seu posto como presidente do conselho da Foxconn na assembleia geral de acionistas da empresa, em 22 de junho, e será substituído por um dos quatro novos membros do conselho que serão eleitos durante a assembleia.

Além de Liu, que comanda as operações de semicondutores da companhia, os novos integrantes do conselho incluem Jay Lee, vice-presidente do conselho da divisão industrial de internet da Foxconn; Lu Sung-ching, comandante da divisão de conectores da empresa; e Tai Cheng-wu, presidente do conselho da Sharp, empresa japonesa de tecnologia adquirida pela Foxconn em 2016.

Liu, que funcionou como moderador na reunião com investidores e foi o principal palestrante, disse que o novo conselho era uma formalização das reuniões frequentes que Gou realizava com os dirigentes das unidades do grupo, e marcava uma transição para a direção da empresa por administradores profissionais.

Porque os quatro conselheiros que detêm assentos no comitê executivo formarão uma maioria no conselho, o novo comitê pode, em princípio, garantir a aprovação de quaisquer decisões do novo comitê.

Executivos importantes deixaram claro, porém, que Gou continuará a desempenhar papel decisivo. Liu disse que o fundador da empresa manteria um assento no conselho.

"O papel futuro dele [na companhia] dependerá de como transcorrer a campanha presidencial", disse Liu, deixando em aberto a possibilidade de que Gou retome um papel de liderança caso não vença a eleição presidencial de janeiro.

Falando da queda na demanda mundial por smartphones, os produtos que propeliram o crescimento do mercado de hardware eletrônico nos últimos anos, a Foxconn disse que se concentraria em equipamento 5G, eletrônicos automotivos, a internet industrial das coisas, aplicações médicas e semicondutores.

Os executivos anunciaram que a empresa antecipava investimentos de capital de entre 30 bilhões e 50 bilhões de dólares de Taiwan (entre US$ 955 milhões e US$ 1,5 bilhão) ao ano, e que esses investimentos seriam canalizados mais para o desenvolvimento de capacidades tecnológicas requeridas nesses novos campos.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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