Investimento estrangeiro fica para 2020 com atraso na reforma, diz Bradesco

Executivo do banco afirma que demora na aprovação da Previdência afetará PIB também no 2º semestre

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São Paulo

O atraso na tramitação da reforma da Previdência faz com que o investimentor estrangeiro demore mais para voltar ao Brasil, afirmou Marcelo Noronha, vice-presidente do Bradesco responsável pela área de atacado, nesta quarta-feira (26).

A expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de investidores mais otimistas de uma aprovação na Câmara antes do recesso parlamentar pode ser frustrada. Segundo o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a votação na comissão especial deve ter início apenas na próxima semana.

“Se estivéssemos aprovando esta reforma no meio do ano, teríamos um segundo semestre muito melhor do que vamos ter. O nosso economista aponta um crescimento de 0,8% no ano, ou seja, uma economia de lado”, afirma Noronha.

Segundo o executivo, o final da tramitação da reforma no Senado deve acontecer apenas no fim do ano, o que deixa investimentos estrangeiros no Brasil para 2020.

“Se fizermos a reforma e atingirmos os patamares passados [de grau de investimento], podemos voltar a ter 16% do total de recursos de investidores institucionais alocados em emergentes. Se formos a 15% desse patamar, chegamos a R$ 100 bilhões de aportes estrangeiros em Bolsa".

Neste ano, a Bolsa bateu o recorde histórico e chegou aos 102 mil pontos impulsionada por investidores domésticos. No ano, o saldo de movimentação de investidores estrangeiros é negativo em R$ 3,6 bilhões. 

"O Brasil tem um diferencial quanto aos outros emergentes. A Turquia está com problemas, o México tem um presidente que não é pró mercado e não atrai capitais, a Argentina está à espera de eleições e a Rússia tem as questões geopolíticas, então o Brasil deveria estar drenando estes recursos”, diz Noronha.

Para ele, outra vantagem do Brasil é a economia diversificada. "Aqui você pode investir em varejo, no sistema financeiro, em energia elétrica, em infraestrutura, que está cheia de projetos saindo da gaveta, em óleo e gás", diz. 

De acordo com Noronha, o tamanho da reforma é importante, mas uma desidratação do projeto para uma economia de R$ 600 bilhões não seria de todo ruim. 

“Inicialmente, não podemos dizer que uma economia de R$ 600 bilhões é ruim, não é o fim do mundo. De R$ 800 bilhões para cima é bem aceitável. No mundo ideal, seria de R$ 1 trilhão, mas é difícil”, afirma.

Para o presidente do banco, Octavio de Lazari, a economia da reforma não pode ser inferior a R$ 1 trilhão.

Marcelo Noronha estava no lançamento do ETF (Exchange Traded Funds) da Bradesco Asset Management (Bram), gestora de recursos do banco, nesta quarta. O ETF, chamado BOVB11, acompanha desempenho do Ibovespa e rende 95% do desempenho do índice, com taxa de administração de 0,2% ao ano. 

O fundo é negociado na Bolsa brasileira a cerca de R$ 100, a precificação é variável como se fosse uma ação, e pode ser adquirido por qualquer investidor via corretora. Na estreia, foram captados R$ 750 milhões. Segundo a Bram, a expectativa é que o investimento dobre até o fim do ano.

“Estamos em um momento bom da economia, com uma maior oferta de renda variável. Nossa maior captação neste ano foi em renda variável, em que captamos mais de R$ 1 bilhão em fundos de ações. Há uma migração para investimentos de maior risco, especialmente fundos multimercado, com a queda da taxa de juros”, Ricardo Almeida, CEO da Bradesco Asset Management.

Além do Bradesco, Caixa, Itaú e a gestora americana BlackRock também oferecem ETFs com rendimento baseado no Ibovespa.

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