Mercado minimiza conversa entre Moro e Dallagnol e mantém foco na Previdência

Apesar da confiança no andamento da reforma, Bolsa opera descolada do exterior e fecha em queda

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O mercado teve reação moderada à divulgação de suposta colaboração entre o ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol. Apesar de deixar investidores cautelosos sobre possíveis desdobramentos, a leitura é que as conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil não impactam a reforma da Previdência.

A Bolsa brasileira chegou a cair cerca de 1% pela manhã desta segunda-feira (10), mas amenizou perdas e fechou com recuo de 0,36%, a 97.466 pontos. O dólar teve leve alta de 0,18%, a R$ 3,885.

Pessoas no pregão da Bolsa de Valores de Sao Paulo
Folhapress
No primeiro pregão da semana de apresentação do relatório da reforma da Previdência, o noticiário foi dominado pela revelação das conversas entre Moro, um dos principais nomes do ​governo Bolsonaro, e Dallagnol. Para o Congresso, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra o ministro é provável o que pode trazer ruídos ao governo.
 
Segundo o presidente da comissão especial, Marcelo Ramos (PL-AM, antigo PR), mesmo com a notícia, o calendário de apreciação da proposta segue inalterado. Na quinta-feira (13) o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) apresenta seu relatório sobre a reforma, determinando quais pontos saem do projeto, além da definição se estados e municípios entram na proposta.
 
Tais definições determinam o tamanho da reforma e qual o valor economizado, determinante para o mercado, que aguarda entre R$ 700 bilhões e R$ 800 bilhões.

Nesta segunda, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que os estados estão próximos de fechar uma maioria favorável à manutenção dos entes federativos na reforma, um sinal positivo para o mercado.

“É muito melhor incluir estados no projeto. Uma reforma por conta dos governos estaduais poderia ser pior que a reforma da Previdência do governo federal”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

O cenário positivo para a reforma e o exterior positivo seguraram o Ibovespa, maior índice acionário do país, no patamar dos 97 mil pontos, a 97.466 pontos. O giro financeiro foi de R$ 11 bilhões, abaixo da média diária para o ano.

“No começo do dia, tivemos uma incerteza, mas já nos recuperamos. [A divulgação de conversas entre Moro e Dallagnol] não afeta em nada o mercado. A Bolsa está atrelada ao cenário externo e à reforma da Previdência. Não há impacto econômico e a Previdência está blindada”, diz Carlos de Freitas, economista-chefe da Ativa Investimentos. ​

​O risco-país medido pelo CDS (Credit Default Swap) recuou 0,93% e os contratos de juros futuros recuaram pelo terceiro pregão seguido. Vieira e Freitas ressaltam que a expectativa de corte de juros cresce diariamente.

As principais Bolsas globais fecharam no azul com a suspensão de tarifas americanas ao México após acordo sobre imigração. Dow Jones subiu 0,3%, S&P 500,0,47% e Nasdaq 1%. Londres e França tiveram 0,6 e 0,34% de alta, respectivamente.

Com bom saldo na balança comercial, mesmo com a guerra comercial com os EUA, o mercado chinês teve fortes altas. O índice CSI 300, que reúne as Bolsas de Xangai e Shenzhen, subiu 1,3%. Hong Kong teve 2,27% de alta e a Bolsa japonesa subiu 1,2%. 
 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.