Se a reforma da Previdência passar até o começo de agosto, a economia brasileira poderá ter algum sinal de recuperação no último trimestre do ano, afirmou presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.
O executivo avalia que o prazo é compatível com sinalizações que têm sido dadas ao mercado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.
"Se a gente conseguir que ela saia final de julho, começo de agosto, a gente ainda vai conseguir pegar algum crescimento no último trimestre do ano", afirmou em evento do setor bancário, nesta terça-feira (11).
Para ele, a crise política aberta pela divulgação de mensagens atribuídas ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e ao coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, não devem afetar a tramitação das novas regras da Previdência.
"Uma coisa é a pauta econômica e a pauta de Previdência, e o Congresso tem que estar focado porque ela é imprescindível para o país. Ela não tem nada a ver com o que está acontecendo", afirmou ao ser questionado sobre o assunto relevado pelo site The Intercept.
Lazari diz que as concessões de crédito continuam muito fracas no segundo trimestre, em linha com os números de janeiro a março deste ano. Reflexo da fraqueza da economia brasileira. Para o Bradesco, o PIB brasileiro deve crescer 0,80% neste ano, mas o executivo ressaltou que as revisões para baixo têm ocorrido mensalmente.
"Se o país não cresce, se a economia não cresce, e o nível de emprego não se recupera, a tendência do crédito é ele andar de lado", afirmou.
Para manter a meta de crescimento do ano, entre 9% e 13%, o banco deve se concentrar novamente em linhas mais seguras, como consignado, financiamento imobiliário e de veículos.
"São carteira em que dá para crescer e crescer com certa segurança. Agora o resto das operações, sobretudo para pessoa jurídica, o crescimento vai ficar bem minguado", disse.
Lazari comentou ainda que prefere um acordo extrajudicial para renegociar dívidas da Odebrecht a um pedido de recuperação judicial.
A holding ficou em risco desde que o braço de agronegócio da empresa (a Atvos) pediu à Justiça proteção para renegociar dívidas com credores.
O executivo afirmou que todos os grandes bancos têm dívidas e ativos da Odebrecht, mas que o sistema tem provisões para enfrentar a crise da empresa.
O presidente do Bradesco comentou ainda a possibilidade de que a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) dos bancos volte a ser de 20%, como está em estudo pelo Congresso. Essa alíquota vigorou de 2015 até o fim de 2018, quando retornou ao patamar original de 15%.
"Pode acontecer, ela era 20% até o final do ano. Era o que estava acordado, a gente cumpriu. Agora existe uma pauta que ela volte a 20% até por conta da situação fiscal do país. Não tem problema", afirmou.
Depois, acrescentou que bancos devem negociar para que o tributo não seja elevado, "mas estamos à disposição para colaborar", disse.
Lazari afirmou ainda que o calendário para implementação do open banking no país, com as primeiras implementações no segundo semestre de 2020, é apertado e voltou a repedir preocupação com a segurança das informações dos clientes.
Pelo open banking, os dados financeiros pertencem ao cliente e podem ser movimentados entre instituições financeiras, se a pessoa desejar. A forma como essas informações circulam depende de regras que serão fixadas pelo Banco Central.
"A preocupação é com a segurança e com a utilização desse canal. A aprovação dos clientes para acessar dados vai precisar de validação", disse, ressaltando preocupação com hackers.
"O banco sofre ataque dos hackers todos os dias", completou.
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