Tamanho do questionário do Censo é pagina virada, diz chefe do IBGE

Cinco gestores do instituto entregaram o cargo por divergências sobre o censo

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Rio de Janeiro

Em meio à forte pressão do corpo técnico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) contra cortes no Censo, a presidente do instituto, Susana Cordeiro Guerra, disse nesta sexta (7) que o debate sobre o questionário da pesquisa é “página virada”. Ela afirmou que as resistências são compreensíveis em mudanças em organizações.

Também nesta sexta (7), o gerente da Coordenação de Métodos e Qualidade do IBGE, José Guedes, pediu exoneração. Foi o quinto gestor do instituto a entregar o cargo por divergências com a condução do Censo Demográfico de 2020.

Recenseadores do IBGE durante treinamento para o Censo 2010, na sede na praça da Republica, em São Paulo - Marcelo Justo - 29.jul.10/Folhapress

Os outros quatro entregaram seus cargos na quinta (6), quando servidores e ex-presidente do IBGE lançaram a campanha Todos pelo Censo, com o objetivo de rever os cortes no questionário propostos pelo diretor de Pesquisa, Eduardo Rios-Neto, nomeado por Guerra.

“Não tem volta. [O questionário] está fechado. É página virada”, disse Guerra, em entrevista antes de reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no Rio. Ela frisou que a proposta final já foi aprovada pelo conselho diretor do IBGE e defendeu que os cortes têm o objetivo de melhorar a qualidade da pesquisa.

A proposta aprovada reduz de 112 para 76 o número de perguntas do questionário completo, que é aplicado em 10% dos domicílios, e de 34 para 25 as perguntas do questionário básico, aplicado aos restantes. O Censo visita cerca de 70 milhões de domicílios nas 5.570 cidades brasileiras.

Técnicos do IBGE alegam que os cortes prejudicam a qualidade do Censo sem representar grande economia de recursos. "Estou segura que os cortes propostos nos questionários terão pouco impacto orçamentário a um custo elevadíssimo de perda de informação", escreveu em sua carta de exoneração a ex-coordenadora de População e Indicadores Sociais, Bárbara Cobo Soares.

Ela foi uma das quatro pessoas que entregaram o cargo na quinta. Todos permanecem como servidores do IBGE, mas sem ocupar cargos de chefia.

“Como em todo momento de mudança em uma grande organização, há resistências que são compreensíveis. Eles estão no direito deles de querer sair”, disse ela. “Eu respeito elisão e agradeço pelo trabalho de excelência que têm feito.”

Guerra disse que, mesmo após os cortes, o questionário do Censo Demográfico de 2020 tem mais perguntas que 80% dos censos realizados no mundo. E repetiu que os cortes seriam feitos mesmo que não houvesse restrições orçamentárias - o governo quer reduzir em 25% os custos da pesquisa, orçada inicialmente em R$ 3,4 bilhões.

A presidente do IBGE disse que o instituto tem quadros competentes para substituir aqueles que entregaram os cargos. “Tenho certeza de que eles serão substituídos por outros profissionais de excelência comparável à daqueles que se foram”.

A presidente do órgão diz que a reunião com Guedes trataria de uma agenda positiva para o instituto, que inclui acordos com instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, e inovações tecnológicas. “Queremos buscar alternativas de recursos para modernizar o instituto e nossas pesquisas cada vez mais.”

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