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Analistas projetam início de corte no juro e veem Selic em 5,5% no fim do ano

Com inflação abaixo da meta, Copom pode anunciar queda na taxa básica de juros

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São Paulo

Com economia fraca, inflação abaixo da meta e expectativa de queda de juros americanos e europeus, o mercado financeiro espera em quatro cortes na taxa básica de juros brasileira, de 0,25 ponto percentual, ainda neste ano.

O primeiro deles é esperado para esta quarta-feira (31), na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

A Selic está em 6,5% ao ano desde março de 2018.

Nas últimas atas, o Copom estabeleceu um avanço concreto da reforma da Previdência como condição para fornecer estímulos monetários para a economia —ou seja, para reduzir os juros.

Com a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados no início deste mês, a redução da Selic se torna iminente e quase um consenso no mercado financeiro.

O mercado futuro de juros, que precifica expectativas, já aponta uma taxa básica menor. O contrato de setembro deste ano leva o preço de uma Selic a 6% ao ano.

“A economia está muito fraca, há muita ociosidade. Estímulos são necessários. Sem esse corte, a inflação fica abaixo da meta em 2020”, afirma Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs.

A estimativa para a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) está em 3,78% no ano, abaixo da meta de 4,25% definida pelo Banco Central.

Para 2020, a estimativa é de 3,90% contra a meta de 4%. Em junho, a inflação do país foi a menor do ano, em 0,01%. 

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), houve deflação em 7 das 16 cidades pesquisadas, até mesmo em São Paulo —em maio, haviam sido apenas duas nessa situação.

Ramos ressalta, no entanto, que apenas cortes na taxa básica não são suficientes para estimular a economia.

“A queda na Selic ajuda na margem, mas não vai salvar a economia. O crescimento não é determinado pelos juros. O BC não consegue entregar crescimento. Caso contrário, não havia país pobre”, diz o economista.

Para gerar impacto maior no cenário econômico, há quem aposte em corte mais incisivo nesta quarta, como o Itaú.

O banco espera corte de 0,5 ponto percentual, seguido por reduções semelhantes nas reuniões de setembro e outubro, com a Selic a 5% antes do fim do ano, patamar que, segundo o Itaú, deve se manter em 2020.

“A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara veio forte, com ampla margem de votos e um impacto fiscal maior do que o esperado”, afirma Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco.

 

Em maio, antes da votação do projeto no plenário da Câmara, o banco previa corte apenas em setembro. A expectativa era que a Selic terminaria o ano em 5,75% ao ano.

O movimento segue a tendência americana e europeia. Com a desaceleração dessas economias, com inflação fraca e dados econômicos nada animadores, os bancos centrais têm adotado postura aberta a estímulo monetário.

Na mesma data, o Fed (banco central americano) divulga sua decisão sobre a taxa básica de juros americana. Por lá, as previsões também indicam um corte de 0,25 ponto. O movimento fortalece o cenário para corte de juros no Brasil, que não ficaria defasado em relação aos Estados Unidos.

Esperava-se o mesmo do BCE (banco central europeu), que frustrou as expectativas do mercado e manteve a taxa de juros inalterada na quinta (25). O banco, porém, abriu margem para um corte de juros nas próximas reuniões.

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