Brasil tem objetivo ambicioso em negociações com EUA, diz secretário de Comércio Exterior

Mais cedo, Donald Trump afirmou que sua administração vai buscar um acordo de livre comércio com o Brasil

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Brasília | Reuters

 O Brasil tem um objetivo ambicioso na sua relação com os Estados Unidos, afirmou nesta terça-feira (30) o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo. Ele ressaltou que o país quer avançar tanto em acordo envolvendo tarifas como em temas não tarifários.

Após o encontro que será realizado nesta quarta-feira (31) entre autoridades do governo Jair Bolsonaro e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, em Brasília, a equipe econômica quer estabelecer marcos temporais para o que será possível fazer nos próximos seis meses em áreas como infraestrutura, investimento e facilitação de negócios, disse Troyjo, em entrevista à Reuters.
 

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, na Casa Branca, em Washington - Kevin Lamarque/Reuters

"Acho que vai sair dessas conversas um cronograma conjunto para examinar essas coisas todas", disse.

"Principal interesse do Brasil é a expansão e melhoria do seu intercâmbio econômico e comercial com os Estados Unidos. São as duas maiores democracias do Ocidente, mas têm comércio bilateral muito aquém do seu potencial."

Mais cedo, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que sua administração vai buscar um acordo de livre comércio com o Brasil.

"O Brasil é um grande parceiro comercial. Eles nos cobram um monte de tarifas, mas, fora isso, nós amamos o relacionamento", disse Trump a repórteres nesta terça, quando também elogiou Bolsonaro.

O secretário lembrou que, pelo fato de o país integrar o Mercosul —uma união aduaneira—, uma discussão sobre acordo comercial envolvendo tarifas tem que ser feita entre o bloco e os Estados Unidos.

Mas ele chamou a atenção para a "conexão e coincidência de propósitos" hoje existente entre Bolsonaro, Trump e o presidente da Argentina, Mauricio Macri.

"Essas boas relações entre o presidente Bolsonaro e o presidente Macri foram fundamentais para a gente concluir o acordo com a União Europeia", disse ele, a respeito do acordo de livre comércio que foi fechado pelo Mercosul no fim de junho após negociações iniciadas há 20 anos.

"Os três presidentes —Bolsonaro, Macri e Trump— querem também melhorar as relações econômicas e comerciais entre o Mercosul e os Estados Unidos. Então a gente tem essa conjuntura que é muito favorável", completou.

Colaborando para o que vê como janela de oportunidade, Troyjo destacou a vigência de uma espécie de aval conferido pelo Congresso norte-americano à Casa Branca para que o presidente dos EUA possa negociar acordos comerciais envolvendo tarifas que não sejam bilaterais. A chamada Trade Promotion Authority (TPA) vai até junho de 2021.

"O bacana de você ter um objetivo ambicioso é que seu objetivo é tão maior que você consegue resolver (no caminho) questões supostamente mais específicas", frisou Troyjo.

"Vistos para homens de negócios, acordos de bitributação, comércio eletrõnico, comércio de bens digitais —tudo isso você consegue avançar mais se você tem esse objetivo maior adiante", finalizou ele, a respeito dos temas que estão no radar do governo.

Pendências comerciais

Em fevereiro, antes da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, a administração Trump pediu ao Brasil a suspensão de uma tarifa de 20% aplicada às importações de etanol que superem 150 milhões de litros por trimestre.

Em contrapartida, a indústria de açúcar brasileira pediu a liberação de tarifas de importação estipuladas por Washington. O Brasil conta apenas com uma pequena cota de açúcar para exportação aos Estados Unidos com taxa mais baixa.

Em meio a irregularidades no setor frigorífico brasileiro identificadas pelos norte-americanos, os Estados Unidos suspenderam as importações de carne in natura do país, em 2017.

Na viagem do presidente Bolsonaro a Washington, em março, havia a expectativa de que as exportações de carne in natura do Brasil para os EUA pudessem ser retomadas, o que acabou não acontecendo.

Em meio às negociações, um acordo entre Estados Unidos e Brasil foi firmado para o estabelecimento de uma cota sem tarifa de importação de trigo produzido fora do Mercosul, algo que ainda não foi regulamentado.

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