Caixa reduz juros para pessoas físicas e empresas e lançará app para baixa renda

Taxa máxima de cheque especial cairá de 13,45% ao mês para 9,99% a partir de 1º de agosto

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Brasília

A Caixa Econômica Federal anunciou nesta quinta-feira (31) um novo corte nos juros em linhas para pessoas físicas e empresas, poucas horas antes da esperada redução da taxa Selic pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).

O banco anunciou ainda que lançará, em até 60 dias, um aplicativo para clientes de baixa renda.

A redução dos juros chega a 40% em algumas linhas de crédito para pessoas físicas e empresas.

Segundo o banco, a partir de 1º de agosto, a taxa máxima de cheque especial para pessoas físicas cairá de 13,45% ao mês para 9,99%.

No crédito pessoal tradicional, a taxa começará em 3,99% ao mês —antes, partia de 4,99% mensais. No empréstimo para quem recebe salário na Caixa, o juro diminuirá para 2,29% ao mês.

No cartão de crédito, o banco decidiu isentar os clientes de pagar anuidade.

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Idosa entra em agência da Caixa Econômica Federal (CEF), na região central de São Paulo - Samuel Costa-26.mai.2015/Folhapress

Para empresas, a Caixa também reduziu a taxa em algumas linhas. No cheque especial, o recuo foi de 14,95% para 9,99% mensais. O empréstimo de antecipação de recebíveis caiu de 1,89% para 1,85% ao mês.

Após o anúncio da Caixa, o Copom reduziu a taxa de juros para 6% ao ano. O corte de 0,5 ponto percentual foi acima do esperado pelo mercado.

Além disso, o banco decidiu oferecer a partir de 19 de agosto, para pessoas físicas e jurídicas, o chamado pacote Caixa Sim.

Para quem contratar, as taxas no cheque especial cairão para 8,99%, para pessoas físicas e empresas.

No crédito pessoal tradicional e para conta-salário, as taxas para pessoas são iguais às de clientes que não têm o pacote.

A vantagem, para as pessoas físicas que contratarem o pacote, é que o valor pago em tarifa (R$ 25) será devolvido ao cliente em bônus para celular.

O produto inclui um seguro de vida prestamista com cobertura de até R$ 4.000 de operações de crédito, em caso de sinistro.

Para empresas, a tarifa é de R$ 49,50, mas sem reversão de crédito para celular e sem o seguro. 

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que decidiu reduzir juros para estimular a receita com os novos produtos.

"Temos 92 milhões de cartões de débito e apenas 7 milhões de cartões de crédito", disse. "Se, em quatro anos, não chegarmos a 20 milhões de cartões de crédito, tem alguma coisa errada."

Segundo ele, o banco poderá perder um pouco de receita no início, mas vai ganhar lá na frente."

É por isso que estamos reduzindo os juros. Já fizemos isso em outras linhas."

O banco prepara ainda o lançamento, em até 60 dias, de um aplicativo para clientes de baixa renda e beneficiários de programas sociais pagos pela Caixa, como o Bolsa Família.

Haverá operações mais simples e menos produtos do que os oferecidos no app tradicional do banco —que, como o Guimarães admitiu nesta quinta, é o mais atrasado dentre as cinco maiores instituições financeiras do país.

“Vamos lançar um produto que utiliza motores mais simples e que permite o acesso a pessoas mais humildes”, afirmou Guimarães. 

“A classe baixa vai ter acesso a uma conta para fazer o pagamento e a gestão da conta, com atividades bancárias e serviços sociais que a Caixa prevê, e numa linguagem com plataforma mais leve, que não consome o pacote de dados. Vamos bancar a utilização da internet nessa faixa.”

A estratégia do banco passa por capturar ainda os beneficiários de programas sociais e transformá-los, eventualmente, em clientes.

Guimarães confirmou que irá reduzir as linhas nos financiamentos imobiliários com a troca de indexador de TR (Taxa Referencial, hoje zerada) pelo IPCA, aferido pelo IBGE em 3,82% para este ano. A notícia foi antecipada pela Folha.

Os executivos do banco afirmaram que a ideia é reduzir ainda mais os juros à medida que a base de clientes for aumentando.

Pesquisa recente do Banco Central junto ao mercado financeiro indica que banqueiros e investidores aguardam sucessivos cortes na Selic até o final deste ano como forma de o Banco Central estimular a economia, que segue estagnada.

O mercado espera que o Copom faça sucessivos cortes até o final deste ano, deixando a taxa básica em 5,5% ao ano. Nesta quarta, o comitê reduziu os juros para 6%.

A atual redução de juros da Caixa difere daquela liderada pelos bancos públicos que, em julho de 2012, decidiram iniciar uma queda coletiva de juros do crédito para pessoas físicas e empresas depois da redução da Selic de 8,5% para 8%.

Naquele momento, a iniciativa foi resultado de uma pressão da ex-presidente Dilma Rousseff em tentativa de aquecer a economia.

Bancos privados seguiram esse movimento que, no final, foi revertido porque colocou as instituições públicas em uma situação financeira complicada em um contexto de inflação crescente.

Há duas semanas, Guimarães afirmou, durante um evento em Brasília, que o banco estudava redução generalizada de juros, tanto no crédito pessoal quanto no imobiliário.

Sem dar detalhes, Guimarães disse que o banco estava reduzindo os custos de captação que, combinado com uma queda esperada de Selic, permitiriam dar a largada para uma queda de juros “sem precedentes”.

Como antecipou a Folha, a Caixa só aguarda a autorização do Banco Central para anunciar uma redução de até 31,5% dos juros dos financiamentos imobiliários que ocorrerá para quem optar por contratos indexados pelo IPCA. Atualmente, só existe a opção indexada pela TR (Taxa Referencial, hoje zerada).

Com a mudança, as taxas bancárias adicionais que hoje giram entre 8,5% e 9,5% ao ano cairiam para algo entre 2% e 3%. Isso porque o IPCA, aferido pelo IBGE, deve fechar em 3,82% neste ano.

Ou seja. Apesar de aplicar uma correção que hoje inexiste, na outra ponta, o banco abrirá mão, em um montante menor, de suas próprias taxas, que acabam por onerar os empréstimos concedidos.

Somando juros e taxas cobrados, seriam 8,5% (no modelo pela TR) ante 5,82% (no modelo pelo IPCA), e 9,5% (pela TR), ante 6,82% (pelo IPCA).

A direção da Caixa e a equipe econômica, que avalizou essa mudança, pretendiam incluir os contratos imobiliários no anúncio desta quarta, mas o aval do BC ainda não saiu.

Com a redução dos juros, o banco pretende estimular novos empréstimos e, com a receita desses pagamentos, emitir títulos imobiliários no mercado. Com esses recursos, poderá girar mais financiamentos.

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