Descrição de chapéu Previdência

Em discursos, líderes praticamente ignoram papel de Bolsonaro na reforma da Previdência

O primeiro nome associado às mudanças foi o do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

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Brasília

Discursos que antecederam a votação principal da reforma da Previdência na Câmara praticamente ignoraram a participação –mesmo que tímida– do presidente Jair Bolsonaro no assunto.

Responsável pelo envio do texto ao Congresso, Bolsonaro não foi a figura mais relacionada, pela grande maioria dos partidos, à medida de reestruturação das regras de aposentadoria.

No Parlamento, nem o ministro Paulo Guedes (Economia) tem esse título.

É do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o primeiro nome associado à reforma da Previdência, cuja votação deve ocorrer até quinta-feira (11).

Como de costume, líderes dos maiores partidos da Casa subiram à tribuna pouco antes da votação mais importante do projeto.

Naquele momento, foram feitos relatos sobre a articulação em favor da reforma. Ficou claro que a Câmara, especialmente Maia, assumiu o protagonismo.

“Espero que o Congresso possa ser responsável pelo que pode acontecer de bom com o Brasil após a aprovação da reforma”, disse o líder do PP, Arthur Lira (AL).

Lira é um dos deputados mais influentes. O PP integra o centrão – grupo de partidos independente ao governo e que, juntos, representam maioria da Câmara.

“Essa é uma reforma do Parlamento brasileiro”, afirmou o líder do Solidariedade, Augusto Coutinho (PE).

“Uma votação que mostrará de vez o compromisso que a Câmara dos Deputados tem com o futuro dos brasileiros e com o futuro do Brasil”, descrevei o líder do DEM, Elmar Nascimento (BA).

Foi o PSL, partido de Bolsonaro, que deu origem aos aplausos no plenário a Maia, chamado, pelo líder da sigla, Delegado Waldir (GO), de o “grande conduto dessa reforma”.

“Sem Rodrigo Maia, nós não chegaríamos a este momento. [...] É, sem dúvida, a pessoa que eu mais admiro neste momento”, concluiu.

A falta de envolvimento do presidente Bolsonaro não é novidade. Foi comentada inclusive por Guedes. Em abril, o ministro declarou que o presidente não é apaixonado pela reforma.

Mesmo Guedes sinalizou, ao longo das negociações, descontentamento com os rumos que a proposta tomava quando passou para as mãos do Congresso.

Ele até ameaçou deixar o cargo caso a reforma não tivesse o efeito desejado pela equipe econômica nas contas públicas.

Sem apoio do Palácio do Planalto e sob ataques de eleitores de Bolsonaro, Maia chegou a se afastar do papel de articulador político da reforma. Pouco depois, voltou a assumir a função informal.

A reforma é uma bandeira pessoal do presidente da Câmara.

E, para concretizar o plano de aprovar a proposta, Maia contou com apoio de aliados – os principais líderes da Câmara.

Esse grupo foi em defesa de Maia no ápice da crise entre Planalto e Congresso e defenderam novamente a atuação do presidente da Câmara nos discursos desta quarta (10).

Nem mesmo os mais próximos de Bolsonaro deram muita ênfase ao presidente. O PSC preferiu usar mais tempo na tributa para atacar o PT, que critica a medida de ajuste fiscal e a liberação de emendas parlamentares em busca de apoio à reforma.

“Bolsonaro só está passando o remédio que vai mudar os rumos dessa nação”, afirmou Otoni de Paula (PSC-RJ).

E o PSL foi sucinto.

“Eu gostaria de pedir aos meus colegas que levantassem a bandeira do Brasil. Nós somos patriota (sic) e o PSL é [voto] sim [pela reforma]”, se limitou a dizer Alexandre Frota (SP), um dos principais articuladores do partido pela proposta.

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), agradeceu a defesa de Maia pela reforma.
Sobre Bolsonaro, ele lembrou que o presidente foi pessoalmente entregar a proposta à Câmara, que aperfeiçoou o texto.

Vitor Hugo exaltou, portanto, apenas o ato de Bolsonaro de apresentar o projeto.

Outro símbolo do protagonismo da Câmara no processo da reforma foi o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

Moreira adotou postura mais independente ao governo e fez alterações no texto mesmo quando a equipe econômica se posicionou contra a mudança.

Aprovado por 379 a 131, o texto-base da reforma da Previdência não é considerado ideal pelo time de

Guedes, mas, como dizia o relator, é a versão com ampla maioria na Câmara. 

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