Lucro do Bradesco cresce 25% e chega a R$ 6,5 bi no trimestre

Mas piora na expectativa da economia arrefeceu o crescimento da carteira de crédito

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São Paulo

O lucro do Bradesco nem se abalou com a piora na expectativa da economia para este ano e cresceu 25% impulsionado pelo crescimento do crédito, da atividade seguradora e das operações de tesouraria do banco. Foram R$ 6,5 bilhões no segundo trimestre. No ano, a instituição já acumula de lucro líquido R$ 12,7 bilhões.

Mas a piora com a expectativa de recuperação da economia já arrefeceu o crescimento do crédito. O Bradesco estima que a economia vá crescer apenas 0,8% neste ano, apesar de ter começado o ano mais otimista. Mesmo assim ainda mantém a expectativa de aumentar sua carteira de crédito entre 9% e 13%. A diferença é que no primeiro trimestre o banco cresceu 12,7% sua carteira e agora no segundo trimestre cresceu pouco menos de 9%. A carteira do banco é de R$ 560 bilhões.

Agencia do banco Bradesco - Rubens Cavallari-30.out.2016/Folhapress

O encaminhamento da Reforma da Previdência no Congresso, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara, já trouxe efeitos mais otimistas e o banco espera acelerar um pouco mais o crescimento da carteira até o fim do ano. Segundo o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, a reforma é um passo importante para eliminar o ponto cego na área fiscal que estava limitando o crescimento.

"Em 40 anos de mercado financeiro, nunca vivi com nível de taxa de juros tão baixo, inflação tão baixa e preços ancorados. Apesar de todas as dificuldades não dá para não ser otimista”, disse ele.

De qualquer forma, outros destaques do trimestre para que o lucro mantivesse sua pujança foram a redução das despesas com devedores duvidosos e os índices de inadimplência de mais longo prazo em queda, o que favorece o lucro. Lazari diz que as despesas com as provisões atingiram o menor nível histórico. 

O trimestre foi marcado pela entrada em recuperação judicial da Odebrecht, a maior da história com dívidas de quase R$ 100 bilhões. Apesar de não citar clientes específicos, ao ser questionado sobre grandes clientes em recuperação, Lazari afirmou que o banco estava no teto das provisões quando o fato aconteceu.  "A gente já tinha antecipado. Já sabia da situação do conglomerado. O efeito no balanço foi praticamente nulo”.

O índice de inadimplência acima de 90 dias com as grandes empresas chegou a 0,8% e já é o nível mais baixo em 11 trimestres, ou seja, desde 2016. Isso significa que o efeito Lava Jato, que levou muitas grandes empresas à bancarrota, está sendo diluído. Para se ter uma ideia do efeito dos calotes da Lava Jato, o índice de inadimplência acima de 90 dias nas grandes empresas que historicamente é muito próximo de zero, chegou a 2% no Bradesco em 2017. 

O índice de inadimplência de curto prazo no segmento das grandes empresas, para atrasos inferiores a 90 dias, teve um pico de 1,5%, mas o banco informa que foram casos pontuais. 

A carteira de crédito do setor de empresas cresceu 5,4% e o banco acredita que a tendência é que mais e mais as grandes empresas se financiem no mercado de capitais. Com juros tão baixos, o peso do IOF que chega a 1,5% é muito grande para crédito em carteira. Já no segmento de pessoas físicas, o crescimento foi de 15% com destaque para financiamento imobiliário e de veículos. 

Nota-se também a evolução da concessão de crédito pelos seus canais digitais. O volume dobrou em dois anos no segmento pessoa física atingindo R$ 11,8 bilhões. O banco Next, voltado para um público mais jovem, chegou a 1,1 milhão de clientes sendo mais de 70% de clientes que ainda não eram Bradesco. A BIA, a assistente de inteligência artificial, já conversou com 1,4 milhão de clientes pelo WhatsApp e seu índice de acerto nas respostas chegou a 90%. 

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