Negociação de acordo comercial com os EUA começou, diz Guedes

Governo brasileiro informou que buscará acordo ambicioso que envolva alterações em tarifas

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Brasília

Após encontro com o secretário de comércio americano, Wilbur Ross, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou nesta quarta-feira (31) que oficialmente foram iniciadas as negociações para um acordo comercial com os Estados Unidos.

“O que era só um pensamento, agora é o seguinte: já estamos oficialmente começando as negociações com os Estados Unidos”, disse o ministro.

Guedes minimizou a preocupação de Ross, que, nesta terça-feira (30), disse que o acordo bilateral depende do desfecho entre Mercosul e União Europeia.

Os dois blocos concluíram as negociações em junho.

Paulo Guedes durante cerimônia de lançamento do Novo Mercado do Gás, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

É possível conciliar acordos com o bloco europeu e com os americanos, avalia o ministro.

Segundo ele, o Brasil tomou uma decisão de elevar sua integração no mercado global e, em um momento de guerras comerciais, isso coloca o país em uma posição de interesse internacional.

“O Brasil entrou em campo. Então, vieram os americanos também conversar”, afirmou.

O governo brasileiro informou que buscará um acordo ambicioso e que envolva alterações nas tarifas de transações internacionais.

Os americanos, por exemplo, querem aumentar as vendas de etanol para o Brasil. Eles usam o milho como base de produção de etanol e isso torna a mercadoria mais barata.

Como contrapartida, Guedes citou que o Brasil pretende, então, aumentar as exportações de açúcar para os Estados Unidos. Assim, os empregos e a produção dos canaviais seriam mantidos ou até elevados.

“Para a gente poder abrir para eles entrarem com o etanol, o que é muito bom para o Brasil, porque chegam aqui 30% ou 40% mais barato que o nosso etanol, mas, por outro lado, a gente tem que usar nossa tecnologia flexível e colocar o açúcar lá”, disse o ministro.

Guedes também citou discussões para vendas de autopeças brasileiras e, em troca, os Estados Unidos poderiam ter mais mercado para trigo no Brasil.

Subsídio também deve ser um ponto a ser debatido, o que é considerado normal para a equipe econômica.

“Os ganhos são tão maiores que, quando a gente vai conversar os detalhes, os obstáculos, a gente vê como eles são menores”, disse Guedes.

Para um acordo que envolva tarifas comerciais, o Brasil precisaria do apoio do Mercosul.

Para um acordo sem mudanças nas tarifas, as tratativas seriam bilaterais e na área de facilitação de comércio, propriedade intelectual, telecomunicações e convergência de regulações.

Apesar de trabalhar nas duas frentes, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, deixou clara a intenção de fechar um tratado com mudanças nas tarifas comerciais.

Para ele, há um cenário positivo para essas negociações, já que os chefes de Estado do Brasil, Estados Unidos e Argentina têm agendas e ideias semelhantes.

“Podemos aproveitar a vontade política e a convergência de propostas para fazer esse processo caminhar”, afirmou Troyjo.

Ele não quis prever um prazo para a conclusão das negociações, pois isso pode ter influência das tratativas dentro do Mercosul e da eleição presidencial americana.

No entanto, o secretário lembrou que a Casa Branca tem, até junho de 2021, aval para fechar acordos comerciais. Depois disso, precisaria pedir nova autorização para o Congresso americano.

“Podemos aproveitar essa janela para essas conversas”, afirmou.

Nesta quarta, Guedes reforçou que os Estados Unidos vão apoiar a entrado do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Por outro lado, o país comandado por Donald Trump defende mais diálogo com o Brasil na área de patentes e licenças.

“Existe um nível de aproximação que interessa aos dois lados.”

Segundo Guedes, o governo americano estuda uma aliança estratégica para todo o continente americano, em vez do Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre-Comércio).
 
“Na verdade, uma aliança estratégica. Uma coisa até mais profunda que só a aliança comercial."

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